Paulo Vistas é mesmo padrinho de casamento do juiz que chumbou Isaltino Morais

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Mário Cruz / Lusa

O ex-presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino de Morais

Já não há dúvidas de que o atual autarca de Oeiras foi mesmo padrinho de casamento do juiz que chumbou a candidatura de Isaltino Morais ao concelho. Entretanto, o ex-presidente da Câmara continua com as acusações que põem em causa a imparcialidade do magistrado.

O jornal Público teve acesso à certidão de casamento que prova que Paulo Vistas, atual autarca de Oeiras, foi mesmo padrinho do juiz que, esta terça-feira, chumbou a candidatura de Isaltino Morais à Câmara Municipal.

Estão assim desfeitas as dúvidas relativamente a este assunto, levantadas em primeira mão pelo ex-autarca que, depois de ver a sua candidatura rejeitada, convocou uma conferência de imprensa e colocou em causa a imparcialidade de Nuno Tomás Cardoso.

Uma denúncia que levou mesmo o Conselho Superior da Magistratura a abrir um inquérito ao magistrado para “cabal apuramento da situação”, referiu uma nota daquela entidade.

Depois desta acusação, o candidato independente, que em abril anunciou o seu regresso à política depois de ter estado preso, voltou à carga esta quarta-feira. De acordo com o Público, Isaltino afirma que “a mulher do juiz trabalha, desde o mês de Maio deste ano, no laboratório dos Serviços Intermunicipalizados de Oeiras e Amadora”.

E, além disso, antes de ser juiz, Nuno Cardoso fez parte da comissão política do PSD de Oeiras, sob a liderança de Vistas, denuncia também o ex-autarca.

Recorde-se que o juiz em questão chumbou a atual candidatura de Isaltino, afirmando no despacho “que as declarações de proposituras apresentadas não identificam em qualquer local do seu texto os cidadãos candidatos que integram a lista”. Ou seja, o tribunal considerou que os eleitores, ao assinarem a propositura do movimento, podiam na verdade não saber exatamente o que estavam a fazer.

Paulo Vistas era o vice de Isaltino Morais quando este liderava o concelho e acabou por chegar à liderança do município, na sequência da pena de prisão do ex-presidente.

Vistas diz que “não pode valer tudo” na campanha

Entretanto, o candidato e atual autarca da Câmara de Oeiras escreveu um post no Facebook, dizendo que “não pode valer tudo” na campanha eleitoral ao concelho.

Não pode valer tudo. As amizades honram a nossa vida, mas a independência profissional está acima delas e definem o nosso caráter e dignidade. Para mim este princípio é claro, mas se para outros é uma novidade fico surpreendido!”, escreveu Paulo Vistas na rede social.

Questionado pela Lusa sobre as acusações de Isaltino Morais, Vistas recusou prestar qualquer esclarecimento, mas escreveu no Facebook que entende a política de forma transparente e que nunca negou gratidão a quem serviu Oeiras, numa referência ao seu antecessor na câmara.

“Sempre lhe dediquei o reconhecimento e solidariedade devidos porque na política, como na vida, a gratidão é um dever. Infelizmente, por factos que me são totalmente alheios, o meu caráter foi atacado de forma leviana sem qualquer verdade ou fundamento”.

Paulo Vistas acusa Isaltino de o ter difamado e sublinha que “uma decisão judicial não pode justificar a leviandade das insinuações” feitas por alguém que, em sua opinião, “já perdeu todos os argumentos legais”.

Fui atacado na minha honra pela mesma pessoa por quem, durante anos, batalhei por defender a sua. A independência do poder judicial é um pilar da nossa sociedade. A seriedade e o caráter dos magistrados só pode ser posta em causa por quem já perdeu todos os argumentos legais”, acrescenta.

O atual presidente da Câmara considera que a “forma mesquinha” manifestada pelo seu antecessor afasta os cidadãos da política. E promete ainda continuar “sereno, focado na gestão da autarquia e na campanha eleitoral em curso”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Sou a favor de termos em cargos políticos “pessoas que fazer” e não pessoas politicamente corretas.
    Agora com padrinhos ou sem padrinhos não me parece correto aceitar que políticos já condenados por crimes de corrupção no estado possam ser novamente eleitos para cargos de estado…

    Pode ter feito muito por Oeiras no passado mas sendo condenado por corrupção na função a lei nem sequer devia permitir a candidatura…

    • nao seja tao preconceituoso!!!!!embora nao me identifique com nenhum dos candidatos…acho que o isaltino ja pagou á sociedade o seu erro… alem de que todos sabemos que muitos presidentes de camara so nao estao nas mesmas condiçoes porque nao tiveram quem os denunciasse nem provas para incrimina-los, nem juizes prontos para os julgar, nem ministerio publico preparado para averiguar muitas situaçoes que acontecem um pouco por todo o lado …. mas enfim…. acho que nao e por ser padrinho ou afilhado que se pode afirmar que a decisao foi errada… mas que da para desconfiar isso dá!!!!
      tambem nao sei qual o medo que tem em deixar concorrer o isaltino. talvez com medo que o povo se engane e vote nele????

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