Pau Gasol, um dos melhores jogadores da história do basquetebol europeu, anunciou o final da carreira, esta terça-feira, meses depois de se despedir da seleção espanhola nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
“Querido basquetebol, obrigado por tudo”, escreveu Pau Gasol na sua conta do Twitter, depois da conferência de imprensa na qual anunciou o final da carreira.
“Vou-me retirar do basquetebol profissional. É uma decisão difícil, como podem imaginar, mas é uma decisão meditada. Queria acabar a jogar, não por uma lesão, e consegui-o, ganhando a Liga espanhola e voltando a participar nos Jogos Olímpicos. Foi muito especial”, afirmou o jogador, emocionado, após historiar a grave lesão no pé sofrida em 2019.
Aos 41 anos, Gasol retira-se depois de um trajeto de 21 anos marcado por inúmeras conquistas, iniciado há mais de duas décadas, ao serviço do FC Barcelona, ao qual regressou na época passada, para conquistar uma última Liga espanhola.
O seu grande objetivo, no regresso após uma grave lesão que o deixou dois anos sem jogar, era também uma derradeira participação olímpica, que concretizou, em Tóquio 2020, numa aventura que acabou nos quartos, fase em que caiu perante os Estados Unidos, que se viriam a sagrar campeões olímpicos.
“Nunca fui de desistir e, mesmo depois da grave lesão que sofri, tive sempre a ilusão de voltar, apesar de isso ter chegado a parecer impossível. Agradeço ao FC Barcelona a oportunidade que me deu, também de permitir que a minha filha me visse a jogar”, disse o agora ex-jogador.
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Para trás, fica um palmarés impressionante, no qual se destacam o Mundial conquistado em 2006, no Japão, e dois títulos da NBA, arrebatados ao lado do malogrado Kobe Bryant ao serviço dos Los Angeles Lakers.
Gasol não esqueceu os que o ajudaram a chegar onde chegou no basquetebol, começando pela família, nomeadamente os pais, a mulher e o irmão Marc Gasol, os treinadores, os fisioterapeutas e muitos dos que jogaram com ele, como Juan Carlos Navarro, o seu grande amigo na seleção espanhola, e Kobe Bryant.
“Gostaria muito que estivesse aqui, mas a vida é assim. A vida é muito injusta às vezes. Sinto a sua falta e da filha. Ajudou-me a ser melhor competidor e líder, a ser um vencedor. Sempre o considerei um irmão mais velho. Obrigado, Kobe”, disse Gasol, não contendo as lágrimas.
Curiosamente, o primeiro grande momento de Pau Gasol aconteceu em Lisboa, no então Pavilhão Atlântico, onde, a 25 de julho de 1999, ajudou Espanha a conquistar o Mundial de juniores, numa final com os Estados Unidos (94-87).
Na altura, desempenhou um papel secundário, só saltando para a ribalta do basquetebol espanhol em 2001, quando destroçou o Real Madrid (80-77) e levou o FC Barcelona à conquista da Taça do Rei, em Málaga, numa época em que também acabaria campeão.
Espanha era, claramente, pequena demais para o talento de Pau Gasol, que, no final dessa época, foi escolhido como número 3 do draft da NBA pelos Memphis Grizzlies, ao serviço dos quais foi o inquestionável ‘rookie do ano’, em 2001/2002, com médias de 17,6 pontos e 8,9 ressaltos.
Pelos Grizzlies não tinha acesso a títulos, mas foi-os conquistando pela seleção espanhola, começando logo pelo mais marcante, o cetro mundial, em 2006, no Japão, onde, por lesão, falhou a final com a Grécia (70-47), o que não o impediu se ser eleito o ‘Jogador Mais Valioso’ (MVP) da prova.
Em fevereiro de 2008, deu um pulo na NBA, passando para os Los Angeles Lakers, nos quais se juntou a Kobe Bryant, sendo decisivo na conquista de dois anéis consecutivos, em 2008/09 e 2009/10.
Pela Espanha, também foi continuando a acumular sucessos, nomeadamente duas pratas (2008 e 2012) e um bronze (2016) nos Jogos Olímpicos e três títulos europeus (2009, 2011 e 2015), o último após uma inesquecível exibição nas meias-finais face à França (80-75), com 40 pontos e 11 ressaltos.
Na NBA, e depois de seis anos e meio nos Lakers, ainda fez duas boas épocas nos Chicago Bulls e outras tantas nos San Antonio Spurs, até que os problemas físicos começaram a aparecer e quase não o deixaram jogar desde 2018/19.
Ainda assim, não desistiu, e conseguiu acabar a ganhar no seu FC Barcelona: não venceu a Euroliga, mas acabou campeão espanhol e logrou o objetivo de nova participação olímpica.
O jogo com os Estados Unidos, a 3 de agosto, foi o derradeiro da sua carreira, num embate em que, devido à sua condição física, apenas pôde disputar 6.17 minutos, os últimos do épico trajeto de um dos maiores desportistas espanhóis de ‘todos os tempos’.
ZAP // Lusa