Pastilha elástica com 10 mil anos revela dieta (e má higiene) de jovens da Idade da Pedra

Verner Alexandersen

Plasticina molda uma das pastilhas elásticas encontradas

Pedaços de betume de bétula eram a “chiclete” de adolescentes que viveram há 10 mil anos. Comiam muita fruta, veado e truta, segundo nova pesquisa que também descodificou o uso dos dentes no fabrico de ferramentas.

Recentemente, ficamos a conhecer os fascinantes hábitos alimentares e práticas diárias de adolescentes da Idade da Pedra, graças à análise de pastilha elástica com 10 mil anos de idade.

Os três pedaços de betume de bétula, descobertos em Huseby Klev por arqueólogos na década de 1990, foram agora minuciosamente analisados numa pesquisa publicada na Scientific Reports, que apurou que os restos de mineral proveniente da árvore era usado, de facto, como a moderna “chiclete”.

Os pedaços, com 9.540 a 9.890 anos, foram “mascados” por adolescentes da época, verificou uma comparação do ADN microbiano encontrado nas amostras com microbiomas salivares modernos e antigos.

O estudo descobriu ainda uma gama de bactérias, incluindo aquelas ligadas à periodontite e à cárie dentária, que indicam problemas comuns de saúde oral. Foram também encontrados vestígios de plantas e animais consumidos por estes indivíduos.

“Sabemos que estes adolescentes andavam a comer veado, truta e nozes há 9700 anos na costa oeste da Escandinávia”, diz o autor do estudo Anders Götherström, citado pelo IFL Science: “pelo menos um [dos adolescentes] tinha grandes problemas com os dentes”, sublinha.

A análise genética forneceu uma visão muito mais completada dieta do período Mesolítico na Escandinávia: identificou avelãs, maçãs, trutas, veados e lapas como parte fundamental da sua alimentação.

Espécies de aves como o pato-real e a petinha também foram detetadas, com os  seus ossos a serem utilizados na fabricação de ferramentas.

Curiosamente, foi encontrado ainda ADN de canídeos como o da raposa-vermelha e do lobo, o que indicou para o uso das suas peles, potencialmente processadas usando os dentes.

Uma das descobertas mais intrigantes foi a presença de ADN de visco na pastilha, que sugere um possível uso em medicina ou em veneno para pontas de flechas.

ZAP //

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