Partido Comunista Chinês reúne-se para aprovar resolução e abrir caminho a um lugar na história para Xi Jinping

(h) Reuters / Khanm / EPA

O presidente da China, Xi Jinping

Em 2018, o presidente da República Democrática da China pôs fim ao limite de mandatos, pelo que no final de 2022 entrará no seu terceiro.

O Partido Comunista Chinês iniciou esta segunda-feira uma histórica reunião, na qual analisará e aprovará uma resolução sobre as “principais conquistas e experiências históricas” dos primeiros 100 anos do partido. No entanto, esta reunião é distinta de todas as outras realizadas no seio do partido, já que pretende cimentar o papel de Xi Jinping como grande líder chinês, ao nível de Mao Tsetung e de Deng Xiaoping.

Estes foram, de resto, os únicos líderes chineses a usar o mesmo processo para reafirmar o seu poder, mas também para colocar um ponto final na contestação interna relativa ao rumo que o partido e o país deveriam seguir. No caso de Xi, trata-se sobretudo aprovar uma estratégia que rompe com o passado – sobretudo com as estratégias definidas pelos seus antecessores mais recentes –, mas também de se colocar no centro do partido e das reformas que pretende implementar no futuro. No que respeita à trajetória que país deverá seguir no futuro, não são esperadas muitas mudanças para além das anunciadas por Xi num passado recente.

As últimas semanas que antecederam a reunião foram marcadas por um aumento da propaganda do regime nos meios oficiais. Por exemplo, no Diário do Povo, o jornal oficial do partido, foi possível ler as conquistas feitas por Xi, foram marcadas por “escolhas cruciais”, ao mesmo tempo que o presidente chinês “planeava, concretizava e avançava pessoalmente” em políticas importantes. A luta contra o coronavírus também não foi esquecida. “Cada parecer científico, cada avaliação, cada decisão de reverter a situação – tudo precisava de grande coragem política e sabedoria. Ao deste navio pesado estava um homem.”

A aprovação da resolução não tem como objetivo clarificar a visão oficial do partido perante qualquer tipo de contestação interna, já que, ao longo dos últimos anos, Xi Jiping tratou de assegurar que esta não existe. A sua filosofia pessoal passou a estar presente na formulação de políticas, da política, no exército e até nas escolas, onde os manuais usados pelas crianças têm referências às suas ideias.

No entanto, o foco do dirigente parece estar não na implementação das suas visões à força, o que poderia despoletar movimentos de contestação, mas por via da construção de instituições partidárias em seu redor, mas também por via da lei. A ideia é construir um novo sistema jurídico em que as regras partidárias e as leis do Estado coexistam, escreve o jornal Público.

Para trás, neste novo caminho que XI Jinping pretende traçar fica o modelo económico das últimas décadas, que tinha como objetivo fazer da sociedade chinesa uma sociedade “moderadamente próspera” – o líder chinês é da opinião que esta meta já foi atingida, com a pobreza extrema a ser erradicada por completo. Espera-se, assim, que ao nível da política económica, Xi Jinping continue a intervir na economia com medidas regulatórias e altamente politizadas, numa rutura com o pensamento de Deng.

No que respeita à união do território, dos planos do líder para atingir a “rejuvenescimento nacional” faz também parte Taiwan, a qual considera uma parte inevitável e crucial da China.

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