Um novo estudo parece sugerir que os roedores não vocalizam apenas para fazer barulho: na verdade, usam o som para “agitar a matéria” à sua volta, à maneira dos cavaleiros Jedi de Star Wars, o que lhes permite influenciar a forma como os seus narizes inalam as partículas, melhorando assim o seu cheiro.
De acordo com um novo estudo, publicado na revista Neuroscience & Biobehavioral Reviews no início deste mês, os roedores parecem ter um truque “Jedi” para aumentar o seu sentido de olfato.
No decorrer do estudo, uma equipa de investigadores da Universidade de Buffalo, descobriu que os roedores usam o som para manipular o ambiente que os rodeia.
Este tipo de comportamento, dizem os autores do estudo, nunca foi observado antes — ou havia sequer suspeitas de que pudesse ocorrer.
Embora sejam normalmente representados nos desenhos animados e nos filmes como pequenas ameaças que guincham, os ratos emitem sons que são, na verdade, vocalizações ultra-sónicas (USV) que ocorrem a frequências muito mais elevadas do que o ouvido humano consegue detetar.
Segundo Eduardo Mercado, especialista em bioacústica da Universidade de Boston e autor principal do estudo, estes sons não servem apenas para os roedores rirem e namoriscar: podem servir para agitar partículas de poeira à volta e “movimentar a matéria” para melhorar o seu já forte sentido de olfato.
Mercado começou inicialmente por estudar animais muito maiores do que os ratos: a sua formação baseia-se no canto das baleias jubarte, o que o levou a ser convidado por colegas para estudar as USVs dos roedores.
Ao fazê-lo, conta o Phys.org, Mercado reparou imediatamente em algo que poderia ser facilmente ignorado: imediatamente após emitirem estes sons altíssimos, os ratos cheiram o ar que os rodeia.
Ao agitar a poeira, os roedores poderão estar a usar o seu forte sentido olfativo para descodificar as feromonas deixadas por outros que por ali passaram e detetar se eram amigos ou inimigos — um truque que fez Mercado sentir que estava a “observar ratos Jedi”.
“Os roedores estão na vanguarda da investigação biológica”, afirma Jessica Zhou, investigadora da Universidade de Harvard e coautora do artigo. “Os roedores, especialmente os ratos e os ratinhos, são os heróis desconhecidos do mundo científico”.
Se um estudo mais aprofundado provar que a sugestão do especialista em bioacústica está correto, poderá tratar-se de uma descoberta enorme, nunca antes vista em qualquer parte do reino animal.
“Os roedores estão a criar novas vias de informação, manipulando o seu ambiente e controlando as interações moleculares das partículas que os rodeiam”, diz Mercado. “Parece quase mágico“.