Na Bulgária, Papa Francisco afirma que a Igreja é “uma casa de portas abertas” aos refugiados

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Mazur/catholicnews.org.uk / Flickr

O Papa Francisco aterrou esta terça-feira na Macedónia do Norte para concluir a sua 29.ª viagem apostólica, que começou no domingo na Bulgária. O líder da Igreja Católica descolou de Sófia, capital búlgara, com destino a Escópia, capital da Macedónia do Norte, após dois dias em solo búlgaro nos quais se focou nas questões das migrações e do diálogo com as comunidades ortodoxas.

À chegada a Escópia, será recebido no palácio presidencial para um encontro com as autoridades políticas e os representantes diplomáticos do país – dois dias após os eleitores terem ido às urnas para a segunda ronda das eleições presidenciais que resultaram na escolha de Stevo Pendarovski para presidente do país, avançou o Observador.

O Papa Francisco será, porém, recebido pelo atual presidente, Gjorge Ivanov, cujo mandato ainda não terminou.

Do programa do Papa Francisco para esta terça-feira fazem parte ainda uma visita ao memorial a Madre Teresa de Calcutá – que nasceu em Escópia em 26 de agosto de 1910, uma missa no centro da cidade -, encontros com religiosos católicos e ainda um encontro ecuménico e inter-religioso, antes de regressar a Roma no final do dia.

Na Bulgária, pediu aos católicos daquele país que “não fechem os olhos, o coração nem as mãos” aos migrantes. Perante Rumen Radev, presidente de um país que construiu uma vedação em arame farpado na fronteira com a Turquia para evitar a entrada de migrantes no seu território, pediu ao povo búlgaro que abrisse as portas a quem precisa.

O Papa argentino foi claro na mensagem que quis passar naquele país, ao incluir no programa da sua viagem uma visita a um centro de acolhimento de migrantes. Fez questão de cumprimentar pessoalmente cada um dos 50 migrantes que residem naquela antiga escola que, em 2013, foi remodelada pela Cáritas para acolher refugiados.

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“Não é fácil deixar a vossa terra e inserir-se noutra”, indicou aos migrantes. “Hoje, a experiência dos migrantes e dos refugiados é como uma cruz para a humanidade, e a cruz de muitas pessoas que sofrem”, disse-lhes, agradecendo-lhes pela “alegria” que demonstravam nesse caminho de sofrimento, segundo uma reportagem do Crux.

No discurso às autoridades políticas búlgaras, o Papa Francisco sublinhou que aquele país “sempre se distinguiu por ser uma ponte entre o Leste e o Oeste, capaz de favorecer o encontro entre diferentes culturas, grupos étnicos, civilizações e religiões que durante séculos aqui viveram em paz”.

Mais tarde, depois da visita ao centro de acolhimento de refugiados, falou aos católicos búlgaros lembrando que a Igreja é “uma família entre as famílias, aberta a ser testemunha do mundo de hoje (…), aberta à fé, à esperança e ao amor pelo Senhor e por aqueles por quem ele tem um amor preferencial. Uma casa de portas abertas”.

Lembrando o seu encontro com os refugiados “de vários países que estão à procura de um sítio melhor para viver do que aquele que deixaram”, advertiu os búlgaros de que “para amar alguém não há necessidade de pedir o currículo”, porque o amor “dá o primeiro passo” e “é gratuito”.

“Ver com os olhos da fé é um convite a não passar a vida a colocar rótulos, a classificar aqueles que merecem o amor e os que não merecem, mas sim a tentar criar condições nas quais cada pessoa se possa sentir amada, especialmente aqueles que se sentem esquecidos por Deus porque são esquecidos pelos seus irmãos e irmãs”, frisou.

“Ecumenismo dos pobres”

O outro tema que marcou a passagem do Papa Francisco pela Bulgária foi o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Num país em que os católicos representam menos de 1% de uma população maioritariamente ortodoxa – mas também com uma significativa parcela de muçulmanos -, o Papa encontrou-se com líderes da Igreja Ortodoxa Búlgara para pedir que as várias confissões cristãs estejam unidas em benefício dos mais pobres.

“Somos chamados a caminhar e agir juntos de modo a sermos testemunhas do Senhor, particularmente ao servir os mais próximos e os mais negligenciados dos nossos irmãos e irmãos”, declarou aos líderes ortodoxos, apelando a um “ecumenismo dos pobres”, mais do que um “ecumenismo do sangue”.

A Igreja Ortodoxa Búlgara tem mantido relações de proximidade com a Santa Sé, tendo enviado uma delegação de observadores ao Concílio Vaticano II, nos anos 60, e enviando representantes ao Vaticano anualmente para as celebrações dos santos Cirilo e Metódio.

MNE / Vaticano

O papa Francisco, da Igreja Católica, e o patriarca Bartolomeu I, da Igreja Ortodoxa, os dois responsáveis máximos das igrejas Cristãs.

Porém, tal como a Igreja Ortodoxa Russa, a Igreja búlgara não tem relações formais de diálogo inter-religioso com a Igreja Romana. “Estou confiante de que, com a ajuda de Deus, e no seu bom tempo, estes contactos terão um efeito positivo em muitas outras dimensões do nosso diálogo”, sublinhou o Papa Francisco.

O Papa Francisco escutou também o patriarca ortodoxo da Bulgária, Neófito, que confirmou o “respeito” mútuo entre as duas igrejas, mas sublinhou que a história da divisão entre os católicos e os ortodoxos ainda não foi analisada “de forma imparcial” e as “conclusões necessárias ainda não foram alcançadas”.

Como forma de incentivar a pequena comunidade católica búlgara, o Papa Francisco presidiu ainda a uma celebração em que deu a primeira comunhão a cerca de 245 crianças católicas do país. A missa contou com a participação de pouco mais de 10 mil pessoas.

TP, ZAP //

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