Panama Papers, Banif: os esqueletos no armário do provável sucessor de Albuquerque

Assembleia Legislativa da Madeira / Wikipedia

José Tranquada GOmes, ex-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira

O PSD/Madeira tem em cima da mesa cinco nomes para suceder a Miguel Albuquerque, que recentemente se demitiu da presidência do Governo Regional, depois de ter sido constituído arguido.

A recente demissão de Miguel Albuquerque, dois dias depois de ter sido constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na região autónoma, deixou em aberto a liderança do Governo Regional da Madeira.

A crise política na Madeira deverá resultar num novo governo regional sem que haja uma nova ida às urnas: o Presidente da República, que não pode dissolver o Parlamento local, está aberto a aceitar um novo governo regional liderado por alguém do PSD que não tenha tido funções executivas nos últimos anos.

Na próxima segunda-feira, o PSD/Madeira irá reunir para escolher o nome do sucessor de Albuquerque à frente do partido e, eventualmente, do Governo Regional.

Há cinco nomes em cima da mesa, diz o jornal ECO, e o nome mais consensual é o de Lino Tranquada Gomes, ex-presidente Parlamento da Madeira entre 2015 e 2019 — cargo que abandonou por imposição do CDS/M no acordo com para formar o último governo.

Advogado de 65 anos, antigo líder do grupo parlamentar do PSD/M e atual presidente da mesa da assembleia geral do Marítimo, Tranquada Gomes foi condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Favorito à sucessão de Albuquerque, Tranquada Gomes está no entanto envolvido em alguns casos controversos. Em 2016, o nome do então presidente da Assembleia Legislativa da Madeira foi associado à Mossack Fonseca no caso Panama Papers.

Tranquada Gomes surge em documentos oficias então revelados como representante legal de diversas empresas em offshores distintas, quer no Panamá quer nas Ilhas Virgens Britânicas. O advogado madeirense garante que nunca exerceu funções nesse âmbito. “Não passaram de atos banais da profissão de advogado”.

O envolvimento de Tranquada Gomes no escândalo Panamá Papers não passou despercebido à ex-deputada socialista Ana Gomes.

“Tranquada Gomes, dizem nas TVs que pode ser o sucessor de Miguel Albuquerque no Governo Regional da Madeira. Eu bem sabia que o nome me dizia qualquer coisa: PanamaPapers! Pois, se for, é para provar que já chegamos mesmo ..à Madeira“, escreve a antiga euro-deputada num post na rede social X.

Em 2019, Tranquada Gomes foi também um dos membros do Conselho Fiscal do Banif condenado pelo Tribunal da Concorrência a pagar uma multa de 20 mil euros por incumprimento do limite de 10% dos fundos próprios do banco na concessão de crédito a entidades dependentes da herança de Horácio Roque.

O tribunal condenou os ex-membros do Conselho Fiscal do Banif por “gravidade e culpa elevadas” e devido ao “comportamento doloso” dos arguidos. Na altura, noticiou o ZAP, Tranquada Gomes foi um dos três arguidos que pediram impugnação judicial das condenações.

Resta agora saber se, caso venha a ser nomeado como sucessor de Albuquerque, Marcelo Rebelo de Sousa irá aceitar como presidente do Governo Regional da Madeira o nome de Tranquada Gomes — que, não tendo tido “funções governativas nos últimos anos”, parece ter alguns esqueletos no armário.

ZAP //

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