Portugal também está nos lugares cimeiros de problemas de saúde mental, no geral. E estamos no pódio mundial de consumo de benzodiazepina.
Há poucos dias surgiu um relatório da Organização das Nações Unidas que colocou Portugal no pódio mundial do consumo de benzodiazepina.
Portugal aparece no terceiro lugar nos dados mais recentes, com um consumo médio de 80 doses diárias por cada 1.000 habitantes. Acima só Espanha (110) e Bélgica (84).
Já em 2021 – ainda não há dados oficiais sobre 2022 – se tinha registado um aumento de consumo de antidepressivos em Portugal, com mais de 28 mil embalagens vendidas por dia.
Voltando aos números da ONU, a benzodiazepina é um psicotrópico utilizado, entre outros fins, como ansiolítico. Serve para tentar diminuir a ansiedade da pessoa em causa.
80 doses diárias por cada 1.000 portugueses são sinónimo de uma taxa de 8%, de acordo com esta contabilidade.
Líderes na ansiedade
Uma percentagem que coincide (quase à décima) com os dados do estudo Global Burden of Disease, ou Impacto Global da Doença, em tradução livre, publicado pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde e recuperado agora por Nélson Zagalo, professor de Multimédia.
O estudo global, que envolveu praticamente todos os países do planeta, apresenta as estimativas mais recentes de prevalência de transtornos de saúde mental e a carga de doenças associadas. Agrega transtornos por uso de substâncias (distúrbios por uso de álcool e drogas) com transtornos de saúde mental, em diversas estatísticas.
Os números recolhidos até 2019 estão publicados no portal Our World in Data e, no que diz respeito precisamente à ansiedade, verifica-se que Portugal é o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade.
Portugal é o país com a população mais ansiosa, por outras palavras. Tem uma taxa de 8,79% da população nacional. Subiu 0,36% em relação à contabilidade anterior, realizada em 1990.
No segundo lugar, ainda a alguma distância, ficou a Nova Zelândia, com 8,04%. A língua portuguesa está presente no pódio duas vezes: o Brasil surge no terceiro porto, com taxa de 7,77% da população.
A Europa domina o top-10: República da Irlanda, Suíça, Países Baixos, Noruega, Irlanda do Norte e Chipre ocupam os primeiros lugares, “misturados” com o Irão.
Por curiosidade, os países com as populações menos ansiosas são todos ex-integrantes da União Soviética: Cazaquistão, Quirguistão e, mesmo no lugar mais “relaxado”, está o Uzbequistão – onde apenas 2,14% das pessoas têm distúrbios de ansiedade.
Depressão e saúde mental
Portugal desce diversos lugares na taxa de prevalência de depressão: 33.º lugar (4,81%). Mesmo assim continua entre os países com maior prevalência. Neste caso é o Uganda que lidera e é o Brunei que ocupa o último lugar.
Mas, no global, na prevalência de distúrbios relacionados com saúde mental no geral, Portugal volta aos lugares cimeiros: quarto lugar, com taxa de 18,45% da população. Só atrás da líder Austrália e ainda Nova Zelândia e Irão. Os vizinhos espanhóis estão no quinto lugar.
Entre os outros dados (bipolaridade, distúrbios alimentares, esquizofrenia, consumo de drogas) o que se destaca é a taxa de portugueses que têm problemas com o álcool: 12,03 litros por pessoa, por ano. 13.º posto para Portugal, numa lista liderada pelas Seychelles. Nas outras tabelas, Portugal ocupa posições mais discretas.
Mais de 10%
Este estudo Global Burden of Disease estima que 792 milhões de pessoas vivam com um distúrbio de saúde mental. Uma em cada 10 pessoas têm problemas.
O portal Our World in Data avisa que estes números são estimativas prevalência de transtornos de saúde mental – não são dados de diagnóstico. Foram feitas combinações de dados médicos e epidemiológicos, com pesquisas e modelagem de meta-regressão; mas os dados brutos não estão disponíveis.
Além disso, convém reforçar que a incerteza dos dados sobre saúde mental é alta, geralmente.
Mas, é certo, pessoas com problemas de saúde mental…encontramos em qualquer lado. São comuns em qualquer ponto do planeta.
Num País que tem tudo para ser um país rico mas no entanto não sai da cauda da Europa, onde a justiça não funciona, onde os Políticos são de má qualidade, onde a Saúde é uma desgraça, onde o seu povo é anestesiado com novelas e futebol não é difícil a ansiedade e depressões ser líder.
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