A GNR apreendeu milhares de peças de roupa e de calçado, num armazém pertencente a uma instituição de solidariedade, no âmbito de uma investigação a um padre que é suspeito de burla com roupa doada para famílias carenciadas da Guiné-Bissau.
O caso é relatado pelo Correio da Manhã que refere que o padre Joaquim Batalha, de 79 anos, que exerce as suas funções religiosas em Ribamar, na Lourinhã, é suspeito de ter colocado à venda milhares de peças de roupa e de calçado que tinham sido doadas por uma empresa, com o objectivo de serem entregues a famílias carenciadas da Guiné-Bissau.
Uma mulher que será voluntária da Fundação João XXIII/Casa Oeste, localizada na Lourinhã, no distrito de Lisboa, presidida pelo padre e responsável pelo envio das roupas para a Guiné-Bissau, também foi constituída arguida, segundo o CM.
Os dois suspeitos estão acusados de burla qualificada e fraude fiscal. De acordo com o CM, estão em causa vestuário e calçado avaliados em 4 milhões de euros.
O Conselho de Administração da Fundação João XXIII/Casa Oeste defende o padre Batalha e nega qualquer envolvimento da entidade na alegada burla, imputando culpas à mulher acusada e garantindo que “não faz parte dos/as voluntários/as da Fundação”.
Num comunicado divulgado no blogue da Fundação, o Conselho de Administração assegura que “a associação Viver 100 Fronteiras, na qual foram descobertas as roupas, não tem nada a ver com a Fundação João XXIII e muito menos com o padre Batalha“.
Em defesa do padre sai ainda o delegado da Fundação na Guiné-Bissau, Raul Daniel, que, citado pelo mesmo blogue, nota que o pároco “não merece este tratamento”. “Um homem que deu toda a sua vida à causa Humana e Religiosa não merece ao que estamos assistir”, constata.
Presidente da Viver 100 Fronteiras “estupefacta”
A GNR confirmou, entretanto, a apreensão de milhares de artigos de vestuário das marcas Salsa e Tiffosi, que teriam como destino a comercialização e não a ajuda a pessoas carenciadas na Guiné-Bissau, num armazém da ONG Viver Sem Fronteiras, em Santa Maria da Feira, Aveiro.
Esta ONG, que estará indiciada da prática dos crimes de burla qualificada e fraude fiscal, teria um esquema idêntico ao da Fundação João XXIII/Casa do Oeste, sublinha a Lusa.
Mas a presidente da Viver Sem Fronteiras, Natália Oliveira, assegura à Lusa que “nem a associação nem os seus representantes estão neste momento acusados ou indiciados para qualquer processo judicial”, manifestando-se “estupefacta com tanta mentira e difamação pública”.
Natália Cristina Rocha refere que os artigos apreendidos pela GNR estavam “legitimamente em armazém com várias outras roupas, material médico, produtos e mercadorias destinados a seguir para África nos próximos contentores, por terem sido doados pelas mais variadas empresas e particulares para esse efeito”.
“Nunca esta associação vendeu roupas em feiras, seja de que marca for”, acrescentou a líder da ONG, frisando que “se tal aconteceu, nada tem a ver com a Viver 100 Fronteiras, que nunca teve qualquer tipo de rendimento”.
Natália Cristina Rocha também trata de salientar que o padre Batalha e a Fundação João XXIII não esão relacionadas com a Viver 100 Fronteiras.
A Lusa apurou, entretanto, que, em Março de 2016, a ONG ponderava abandonar a Guiné-Bissau, país para onde enviou entre 2008 e Maio deste ano 46 contentores, de 46 toneladas, com ajuda para os setores da saúde, educação e alimentação, avaliada em 52 milhões de euros.
Na ocasião, o Governo da Guiné-Bissau informou a Lusa que desconhecia a existência da Viver 100 Fronteiras por não se encontrar nos seus registos e ainda por esta “nunca se ter relacionado” com aquela estrutura governamental.
Criada em 2008 para levar ajuda à Guiné, a Viver 100 Fronteiras tem vindo a realizar missões de ajuda no Senegal, São Tomé e Cabo Verde e, em Maio deste ano, anunciou à agência Lusa que tinha previsto prestar apoio no Haiti, Costa do Marfim e Moçambique.
ZAP // Lusa
O Facebook da presidente da Viver 100 Fronteiras tem muitas fotos de atividades referidas como sendo na Guiné, com crianças, copm mães, no Hospital, etc o que me leva a crer que esteve ativa na Guiné Bissau levando muita coisa.
algo triste, mas também a maioria da roupa que é oferecida para a Guiné não é oferecida, mas é vendida.. triste mas uma realidade. Triste é organizações, pessoas ganharem dinheiro com a pobreza dos outros.
O homem está precisado de dinheiro para a sua viagem para o Céu, pela minha parte está perdoado!
São todos iguais, em nome do cristo, tem toda a liberdade para nos enganar e são imunes perante a nossa justiça e ainda estão isentos do livro de Reclamações. GRANDE NEGOCIO, este da Fè, quem diria.