O que é que o padel tem que levou Cristiano Ronaldo a investir na modalidade em Portugal? O jogador de futebol experimentou o desporto e “apaixonou-se” – quando se reformar dos relvados, o seu futuro até pode passar por aqui.
Na última semana, foi notícia que Cristiano Ronaldo comprou o Lisboa Racket Centre, um complexo em Alvalade que inclui courts de ténis, campos de padel e squash.
Antes disso, já tinha sido divulgado que a empresa de Ronaldo, a CR7, é uma das investidoras no projecto da Cidade do Padel que vai ser construída em Oeiras, na zona do Jamor, com 17 campos para a modalidade.
O projecto da Federação Portuguesa de Padel (FPP) é “um investimento de extraordinária importância para o desenvolvimento do padel em Portugal”, explica ao ZAP o vice-presidente da instituição, Jeal Paul Lares.
O que levou Cristiano Ronaldo a investir no padel?
Antes do investimento no padel como homem de negócios, Cristiano Ronaldo começou por se “apaixonar” pela modalidade, salienta Jean Paul Lares.
“Experimentou e gostou muito”, revela o vice-presidente da FPP sobre Ronaldo, notando que “sempre que vem a Portugal, joga padel”.
No seu Instagram, Cristiano Ronaldo tem partilhado algumas imagens onde se mostra a jogar padel, nomeadamente com o espanhol Arturo Coello que é um dos atletas da elite mundial da modalidade.
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Mas Ronaldo não é caso único e vários ex-atletas de futebol, de basquetebol, de voleibol, e de outros desportos, também “se apaixonaram pelo padel” e competem nas provas da Federação, diz Lares ao ZAP.
O vice-presidente da FPP acredita que Ronaldo pode até virar um padelista quando se reformar dos relvados. “É perfeitamente possível” porque a modalidade pode adequar-se a várias idades e diversas condições físicas, salienta.
“Padel tem tido crescimento quase estratosférico”
Jean Paul Lares assume que o investimento de Ronaldo no padel “amplifica” a visibilidade da modalidade, e diz que isso até o “assusta um bocadinho”.
É que o padel tem tido um “crescimento extraordinário, quase estratosférico“, nota o “vice” da FPP. E aconteceu tão rapidamente que trouxe até “alguns bons problemas”, uma vez que a Federação que tem apenas 12 anos, “não conseguiu acompanhar a curva de crescimento da modalidade”, realça Lares.
Só agora é que começa, finalmente, a haver “recursos” para responder à enorme procura, atira, falando em “dores de crescimento”.
“As pessoas experimentam e viciam-se”
Mas o que explica todo este entusiasmo em torno do padel? “Tem uma capacidade de atração muito grande” e “uma barreira de acesso muito baixa“, responde Jean Paul Lares ao ZAP.
Ao contrário de outras modalidades, “é fácil de aprender” e, “ao fim de 10 minutos, a pessoa está a divertir-se em campo”, acrescenta.
“As pessoas experimentam e viciam-se”, realça o vice-presidente da FPP.
O que é o padel e como apareceu?
O padel combina elementos do ténis e do squash, mas é jogado num campo menor, com paredes ao redor que fazem parte do jogo.
As raquetes de padel também são menores e mais leves do que as de ténis.
Geralmente, joga-se em duplas de dois contra dois e é conhecido por ser um jogo rápido e táctico, com muitas trocas de bola e uso estratégico das paredes.
A modalidade terá nascido no México, em 1969, pelas mãos de um empresário espanhol que queria entreter os hóspedes do Hotel Hilton em Acapulco.
Nos anos de 1970, chegou a Espanha, onde se tornou um dos desportos mais populares do país.
A modalidade chegou a Portugal nos anos de 1990 com a abertura do primeiros campos de padel no Lisboa Racket Centre.
Mais de 300 mil praticantes de padel em Portugal
Mas só em 2003 é que o padel começou a crescer verdadeiramente em Portugal, com a organização do primeiro grande evento.
Actualmente, é um dos desportos que mais cresce no nosso país e no mundo.
Há 12 anos, quando nasceu a FPP, “havia três clubes, cerca de 11 campos e 20 e tal atletas”, refere o vice-presidente da entidade.
“Hoje, são 300 clubes, dois mil campos, 14 mil atletas federados e mais de 300 mil praticantes regulares”, destaca Jean Paul Lares.
“Os clubes têm feito um trabalho essencial” para o desenvolvimento do padel “porque souberam também tornar-se centros das suas comunidades”, com a organização de actividades diárias que fomentam o convívio entre os praticantes, acrescenta ainda o “vice” da FPP.
Prémios de 200 mil euros por ano
Os campeonatos nacionais de padel de duplas e de clubes envolvem milhares de atletas. Começaram com 30 equipas no primeiro ano, mas “este ano, tivemos 960 equipas inscritas“, o que significa “mais de 10 mil pessoas a jogar a Liga de Clubes da FPP”, revela Lares ao ZAP.
No circuito nacional de padel, distribuem-se cerca de 200 mil euros por ano em prémios, em cerca de 80 provas organizadas. “Não conheço nenhum circuito europeu com esta dimensão”, realça ainda o dirigente da FPP.
Portugal já é a terceira potência mundial
Espanha e Argentina lideram, neste momento, a modalidade em termos desportivos. Mas Portugal “afirmou-se como a terceira potência mundial” no Campeonato do Mundo do Qatar de 2024, como referiu o presidente da FPP, Ricardo Oliveira.
Portugal conquistou a medalha de bronze, derrotando Itália, depois de ter tido “o percurso mais difícil da prova”, sublinhou Ricardo Oliveira.
“Espanha e Argentina, onde se joga há décadas, ainda têm um nível muito superior aos restantes” países, analisa Lares. Mas “esse fosso” para espanhóis e argentinos “já não é intransponível” para os atletas portugueses, acrescenta.
Além do bronze em masculinos, Portugal foi quarto em femininos no Mundial de Padel do Qatar.
Cristiano Ronaldo fez questão de dar os parabéns aos atletas por estas conquistas num comentário no Instagram da FPP. “O futuro é vosso“, escreveu.
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