Pacientes preferem esperar por cirurgias nos hospitais públicos mesmo com vales para o privado

Apenas 20% dos utentes que receberam vales-cirurgias para serem operados noutros hospitais optaram por os usar no último ano.

No último ano, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) emitiram 181.805 vales-cirurgia e notas de transferência, um aumento de 10% em comparação ao ano anterior.

Esta medida visa proporcionar aos pacientes alternativas mais rápidas para procedimentos cirúrgicos, seja em unidades do setor social e privado através dos vales-cirurgias, ou noutros hospitais do SNS. No entanto, a taxa de adesão a estes vales mantém-se baixa, com apenas 20% dos beneficiários a optarem por utilizá-los.

A baixa adesão a estas medidas não é uma novidade. Desde 2017, a taxa de utilização oscilou entre 17,7% e 23,8%, com o ano de 2021 a registar a maior aceitação, revela o Jornal de Notícias.

Em 2022, os vales emitidos totalizaram 165.079, com uma taxa de adesão de 21%, e em 2023, a taxa caiu ligeiramente para 19,9%, apesar do aumento no número de vales e notas de transferência emitidos. Este cenário sugere que a maioria dos pacientes prefere aguardar por uma cirurgia no hospital de origem ao invés de optar por outras unidades.

Os motivos para a recusa destes vales incluem a preferência dos pacientes por manterem-se no hospital onde já estão em tratamento, o vencimento dos vales sem que sejam usados e a realização da cirurgia no tempo de espera original. Segundo a Direção Executiva do SNS, quando um paciente recusa o vale, ele volta para a lista de espera do hospital mantendo a sua posição inicial.

Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), aponta que a confiança na equipa médica é um fator crucial nas decisões dos pacientes. “A cirurgia surge no final de um conjunto de consultas e exames em que se cria uma relação médico-doente. É muito difícil depois disto o doente escolher outra equipa, que não conhece de todo”, explica Barreto.

No contexto deste desafio, o novo Governo propõe os “vouchers-consulta” como uma alternativa para agilizar o acesso a consultas de especialidade, uma medida que ainda está a ser estruturada.

ZAP //

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