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Ouvido de surfista: antigos mergulhadores do Panamá já sofriam desta condição

(dr) Smith-Guzman and Cooke

Uma equipa de cientistas ficou surpreendida ao descobrir um caso de exostose, comummente conhecida como “ouvido de surfista”, num crânio encontrado num cemitério antigo no Panamá.

Surfistas e mergulhadores, que passam muito tempo em água fria, sofrem muitas vezes de uma condição conhecida como “ouvido de surfista”, na qual uma pequena protuberância óssea se forma no osso temporal, bloqueando parte do canal auditivo.

Recentemente, uma equipa de arqueólogos encontrou os mesmos crescimentos ósseos nos crânios de pessoas que vivam no Panamá pré-colombiano, há 2.400 anos. Os especialistas suspeitam de que os crânios sejam restos de mergulhadores especialistas em pérolas que passaram a sua vida a pescar em busca de objetos valiosos no fundo do oceano.

Nicole Smith-Guzman e Richard Cooke, do Smithsonian Tropical Research Institute, encontraram os tais crescimentos ósseos em oito crânios com canais auditivos intactos – sete homens e uma mulher, adianta o ArsTechnica.

Além disso, entre os crânios que ainda tinham canais auditivos intactos em ambos os lados, 12,2% dos homens e 3,3% das mulheres tinham ouvido de surfista em, pelo menos, um dos lados. A maioria tinha casos leves ou moderados, mas um homem apresentava um crescimento suficiente para bloquear mais de dois terços do canal auditivo, o que pode ter sido suficiente para causar perda auditiva.

A frequência relativamente baixa dos crescimentos sugere que um grupo de homens acabava, regularmente, com água fria nos seus canais auditivos. A maioria das pessoas que vivem na costa do Panamá (especialmente os homens), passou muito tempo na água, dado que a pesca era uma parte importante da economia local.

Mas, se a água fria do oceano fosse suficiente para causar “ouvido se surfista”, um em cada dez homens sofreria desta condição. Assim, a relativa raridade do problema levou os cientistas a considerar que havia um pequeno número de pessoas da costa do Panamá a fazer uma atividade mais imersiva: como mergulho em busca de ostras.

Os mergulhadores com ouvido de surfista analisados pelos especialistas teriam passado décadas a mergulhar nas águas frias do Golfo do Panamá para trazer à tona objetos de valor. Esta exposição a longo prazo poderia explicar a condição de que padeciam, que leva vários a anos para se desenvolver.

Segundo o artigo publicado recentemente no American Journal of Physical Anthropology, o ouvido de surfista acontece quando a pele fina do canal auditivo se torna incapaz de proteger o osso da água fria, causando inflamação na membrana na parte externa do osso, chamada periósteo.

Com o tempo, a inflamação faz com que o osso crie camadas extras, o que aumenta o risco de infeção porque se torna mais difícil remover a água e os detritos do ouvido.

ZAP //

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