Análise de João Duarte Fonseca: temos estado demasiado atentos aos sismos no alto mar; epicentros em terra são mais preocupantes.
O sismo assustou milhares ou milhões de portugueses, nesta segunda-feira. Muitos terão dormido a pensar: será que vamos sentir outro na próxima madrugada?
Não houve novo sismo de madrugada. E é muito pouco provável que haja nos próximos tempos, avisa João Duarte Fonseca.
O sismólogo começou por explicar que o sismo foi uma resposta da crosta à convergência de duas placas continentais – africana e euroasiática.
A sua localização não foi surpreendente: “Este tipo de magnitude (5.3) surge de três em três anos, mas distinguiu-se porque foi localizado mais a Norte e foi sentido mais em Lisboa e em Sines. Perto do Algarve é frequente. Não é uma ocorrência surpreendente, fora do normal“.
Na RTP, o professor lembrou que, por vezes, ocorrem três sismos em poucos dias, com magnitude semelhante, ou em que os segundo e terceiro até são mais fortes do que o inicial.
“Mas são ocorrências bastante raras na região onde nos encontramos. Mesmo que haja um ligeiro aumento da probabilidade – e eu diria que sim, que aumentou – as probabilidades de repetição continuam a ser muito baixas”.
“Não há motivos para alarme ou grande ansiedade. É algo com que temos de aprender a viver, faz parte das nossas circunstâncias. Estamos numa zona sísmica”, recordou João Duarte Fonseca, na RTP.
O especialista acredita que a investigação científica dos sismos em Portugal tem sofrido algum enviesamento devido aos sismos que ocorrem no alto mar.
“Os sismos em que o epicentro está em terra são mais preocupantes, as consequências são mais fortes”, recordou.
“Há uma carência de investigação na identificação das estruturas geológicas activas em terra. Tem havido uma aposta desproporcionada no que se passa no alto mar – que, do ponto de vista do risco, tem menos peso”, reforçou o sismólogo.