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Ossos de porco revelam que britânicos pré-históricos faziam banquetes em Stonehenge

Ossos e restos mortais de porcos, descobertos em quatro complexos neolíticos na região de monumentos como Stonehenge e Avebury, provam que pessoas de toda a Grã-Bretanha se reuniam nesses locais para realizar cerimónias.

A investigação, conduzida por Richard Madgwick e publicada a 13 de março na revista científica Science Advances, revela uma nova extensão dos movimentos populacionais na pré-história britânica.

O estudo resolve um dos maiores enigmas na pré-história britânica, ao revelar a larga escala dos movimentos das comunidades humanas na Grã-Bretanha durante o período Neolítico, último período da Idade da Pedra, marcado historicamente pelo início da sedentarização e pelo surgimento da agricultura.

O líder da investigação explicou: “Este estudo demonstra uma escala de movimento e nível de complexidade social que não era previamente apreciada”. “Estas reuniões podem ser vistas como os primeiros eventos que uniam culturalmente a ilha, com pessoas de todos os cantos da Grã-Bretanha vindo para a região de Stonehenge para banquetear a comida que tinham transportado das suas casas.”

Britânicos pré-históricos viajavam distâncias impressionantes para assistir a celebrações em locais monumentais como Stonehenge. Incrivelmente, muitos deles trouxeram os seus porcos com eles para a jornada – um feito impressionante, considerando que alguns participantes viajavam de centenas de quilómetros.

Stonehenge e Avebury não foram apenas construídos para exibição – também serviram como pontos importantes para a comunidade. Os britânicos neolíticos que construíram as estrutura realizaram festas rituais nesses complexos, que atraíram pessoas de todas as ilhas britânicas. Além disso, os participantes trouxeram porcos criados localmente, que foram abatidos e servidos nessas reuniões.

Os restos humanos desta época são excecionalmente raros, principalmente porque os britânicos neolíticos praticavam a cremação. A ideia de usar porcos como uma pista para o movimento humano tem sido ignorada pelos arqueólogos porque estes animais, ao contrário do gado, são difíceis de transportar.

Através de uma análise de isótopos dos 131 ossos de porco encontrados, que identificou os sinais químicos da comida e água que os animais tinham consumido, os investigadores foram capazes de determinar as áreas geográficas de onde tinham sido criados. A investigação representa o olhar mais detalhado até à data, do nível de mobilidade por toda a Grã-Bretanha.

Os resultados mostraram que 45 porcos foram criados perto da costa. Os porcos consumidos nos banquetes vinham da Escócia, do nordeste da Inglaterra, do oeste do País de Gales e de muitos outros locais nas Ilhas Britânicas.

Os porcos não são adequados para viagens de longa distância, portanto, movê-los por distâncias tão grandes requer um grande esforço. Pode ter sido importante para os participantes contribuir com animais criados perto de casa, em vez de adquiri-los localmente. É concebível que os porcos tenham sido abatidos antes do transporte, mas é muito improvável.

Essas descobertas sustentam um estudo que Christophe Snoeck, da Vrije Universiteit Brussel, publicou em 2018, mostrando que algumas das pessoas cremadas enterradas em Stonehenge não eram locais, mas sim do País de Gales.

O trabalho conduzido por Mdagwick, teve a colaboração da Universidade de Cardiff, assim como cientistas da Universidade de Sheffield e da University College, de Londres.

ZAP // Gizmodo

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