Sandra Assis
A protuberância de oito centímetros no osso da mulher.
A mulher, cujo esqueleto foi encontrado em Santarém, tinha um nódulo com cerca de oito centímetros na perna que lhe causaria dores insuportáveis e dificuldades de mobilidade.
Uma equipa de antropólogos encontrou em Portugal um raro e arrepiante caso de crescimento ósseo na coxa de uma mulher que viveu algures entre os séculos XIV e XIX. Os investigadores acreditam que a deformação cresceu rapidamente após a mulher sofrer um trauma grave na perna.
Em causa está um nódulo com cerca de oito centímetros, que teria causado dores debilitantes à mulher, além de limitar severamente a sua mobilidade.
“Nunca vi uma formação óssea tão grande”, disse Sandra Assis, antropóloga da Universidade NOVA de Lisboa, em declarações ao Live Science. “Fiquei realmente intrigada com a sua morfologia”.
Sandra é a autora principal do artigo e a sua equipa acredita que a protuberância pode ser uma rara forma de crescimento ósseo chamada miosite ossificante traumática, que pode desenvolver-se após um sério acidente traumático ou após vários lesões menores.
Esta é a primeira vez que os investigadores documentam um caso deste raro tipo de crescimento ósseo. Quando a mulher morreu, a lesão já teria entre seis semanas e um ano.
O esqueleto da mulher foi encontrado em 2002 na antiga necrópole da Igreja de São Julião, em Constância, no distrito de Santarém. Além desta mulher, os investigadores encontraram os restos mortais de 106 adultos e 45 crianças.
A descoberta do estranho osso só foi feita recentemente enquanto a equipa limpava o esqueleto no laboratório. Os resultados do estudo foram publicados em janeiro na revista International Journal of Paleopathology.
“A aparência do osso femoral sugere um processo antigo”, disse Sandra Assis. “Não temos o registo médico desta mulher, mas olhando para casos clínicos semelhantes, podemos supor que esta lesão femoral foi bastante debilitante”.
