Um grupo de cientistas descobriu que os pólos magnéticos da Terra podem inverter-se muito mais frequentemente do que se pensava.
A equipa, formada por membros da Academia de Ciências da Rússia e do Instituto de Física do Globo de País, recolheu amostras de sedimentos de um afloramento no noroeste da Sibéria. Depois de aquecer as partículas magnéticas que continham para desmagnetizá-las a temperaturas extremas, os cientistas descobriram a sua correspondência com a do campo magnético no momento e local em que foram depositados.
Tomando como ponto de referência a idade dos fósseis de trilobites encontrados nessas capas, os investigadores determinaram que, há 500 milhões de anos, o campo magnético do planeta, invertia aproximadamente 26 vezes a cada milhão de anos.
De acordo com Yves Gallet, principal autor do estudo publicado em setembro na revista especializada Earth and Planetary Science Letters, este dado é “extremo”, tendo em conta que é a maior frequência alguma vez sugerida. Até agora, considerava-se que cinco inversões por cada milhão de anos era um número alto.
Além disso, o cientista explicou, de acordo com o LiveScience, que é “igualmente interessante” o facto de, há 495 milhões de anos, a frequência da inversão do campo magnético da Terra ter reduzido muito rapidamente, girando apenas uma ou duas vezes a cada milhão de anos.
Os especialistas assinalam ainda não é claro o que é que provocou a “mudança repentina”, apesar de se ter sugerido que poderia ser consequência de uma variação nas condições de calor do núcleo externo do ferro líquido impulsionado pelo manto.
A última inversão da polaridade magnética da Terra aconteceu há 780 mil anos. Temendo que isto se repita em breve – o que faria com que a radiação solar prejudicial chegasse até nós -, Gallet concluiu que este fenómeno “não acontecerá amanhã”, uma vez que estima que a frequência atual seja “pelo menos vários milhões de anos”.