Os pandas fazem pouco sexo. Precisam de uma dieta mais “selvagem”

Já há um principal suspeito para a fraca vida sexual dos pandas e quem o revelou foi o seu cocó. Devem ter uma dieta mais “selvagem”, diz novo estudo.

A dieta baseada em bambu dos pandas pode estar a afetar a sua vida sexual.

Não é novidade que os pandas são animais particularmente maus no que toca à reprodução, especialmente em cativeiro, fator que tem dificultado os vários esforços de conservação da espécie. Recentemente, o seu cocó pode ter revelado o porquê dessa dificuldade.

“Em cativeiro, os animais não têm a liberdade de escolher a melhor alimentação”, o que significa que podem estar a perder nutrientes “essenciais para a reprodução”, explica uma equipa da Universidade de Pequim, que estudou 72 amostras de cocó de 20 pandas gigantes machos para perceber estas dificuldades sexuais dos pandas.

A equipa descobriu que os pandas com menos libido não têm um gene essencial para digerir o bambu, que representa grande parte da sua dieta, e que por isso têm de comer grandes quantidades para reterem nutrientes suficientes. O problema está precisamente nas bactérias intestinais que decompõem estes nutrientes.

A equipa verificou que os machos que se reproduziram com sucesso tinham níveis “significativamente mais elevados” de uma bactéria intestinal chamada clostridium. cuja ausência pode estar a inibir a libido dos animais vulneráveis. Recomendam que estes ursos tenham uma dieta mais variada e “selvagem” para aumentar os níveis desta bactéria, que acreditam ser fundamental na fertilidade.

“Encontrámos a relação, mas ainda não temos a certeza se esta é a única razão real para o seu fraco desempenho sexual”, afirma o autor do estudo, Dingzhen Liu, da Universidade de Pequim.

Alterar os tipos de bambu que os pandas comem, de modo a imitar as mudanças sazonais naturais, é uma das soluções apresentadas. A mudança na alimentação pode passar na mesma pelo bambu: comer mais rebentos pode aumentar a concentração de clostridium no microbioma intestinal, verificou um estudo de 2021.

Mais um problema na reprodução em cativeiro

Várias espécies, como as chitas, ursos polares ou leopardos, enfrentam dificuldades de reprodução em cativeiro, mas os pandas, criaturas solitárias, estão numa situação particularmente complicada, impulsionada por vários fatores, lembra o Sky News. A alimentação é mais um problema.

A baixa frequência de ovulação das fêmeas, que só ovulam uma vez por ano, na primavera, durante um curto período de 40 horas, e as poucas crias que têm quando engravidam — normalmente só nascem duas crias por gravidez e muitas vezes apenas uma sobrevive — são entraves à reprodução destes ursos.

Além disso, os pandas machos tendem a não gostar da “falta de opções” de parceiras sexuais e ficam stressados por estarem em espaços confinados, segundo um estudo de 2007. Muitas vezes, simplesmente não sabem como praticar o sexo corretamente, segundo o New Scientist.

Até a inseminação artificial das fêmeas parece não resultar a 100%: as fêmeas mostram menos comportamento maternal em inseminações artificiais do que se tivessem concebido naturalmente.

Apesar de tudo, alguma coisa tem corrido bem: a espécie, que até há pouco tempo estava classificada como estando em ” risco de extinção”, passou para o estatuto de “vulnerável” e a sua população aumentou 17% na última década.

Tomás Guimarães, ZAP //

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