A Guerra em Israel está a desviar atenções da Ucrânia para o Médio Oriente. Até que ponto ataque do Hamas (em dia de aniversário de Vladimir Putin) poderá ter comprometido a missão ucraniana?
O conflito entre palestinianos e israelitas tem estado, nos últimos dias, no centro da atenção (e preocupação) mundial.
Muitos meios de comunicação social estão já a mobilizar material da Ucrânia para Israel.
Paulo Jerónimo, enviado especial da RTP a Kiev, contou à Antena 1 que muitos jornalistas estão sair do leste europeu para se instalarem no Médio Oriente, uma vez que é ali que está o novo foco mediático.
“As grandes cadeias internacionais de televisão deslocaram todos os meios pesados de transmissão que tinham aqui na Ucrânia para o Médio Oriente”, revelou.
Tal cenário, explica Paulo Jerónimo, está a preocupar os responsáveis políticos ucranianos, que entendem que não podem deixar de ser o centro das atenções.
“A Ucrânia começa a perceber que, de um momento para o outro, tem de dividir espaço, nomeadamente no que diz respeitos às ajudas internacionais… Volodymyr Zelenskyy tem falado com os líderes mundiais, Joe Biden, Rishi Sunak, Emmanuel Macron… tem procurado, no fundo, mostrar e lembrar que a Ucrânia continua a ser um país que está enfrentar uma invasão e uma guerra no seu próprio território”.
Rússia sai beneficiada?
O ataque do Hamas contra Israel ocorreu no dia 7 de outubro, dia aniversário de Vladimir Putin.
“Este foi provavelmente o melhor presente de aniversário para Putin. O ataque contra Israel dividirá as atenções, dado o foco natural dos EUA em Israel”, considerou um diplomata não identificado da União Europeia (UE), citado pelo Politico.
“Esperamos que isto não tenha um efeito dramático no apoio à Ucrânia, mas é claro que muito também dependerá da duração do conflito no Médio Oriente. Se quisermos verdadeiramente ser uma União Europeia geopolítica, temos de ser capazes de lidar com múltiplas crises ao mesmo tempo”, considerou.
Esta segunda-feira, através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Zelenskyy acusou a Rússia de querer incitar uma guerra em Israel, “para que uma nova fonte de dor e sofrimento corroa a unidade global e exacerbe clivagens e controvérsias, ajudando a Rússia a destruir a liberdade na Europa”
We have data very clearly proving that Russia is interested in inciting war in the Middle East. So that a new source of pain and suffering would erode global unity and exacerbate cleavages and controversies, helping Russia in destroying freedom in Europe.
We can see Russian… pic.twitter.com/TLW94hKc9e
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) October 9, 2023
O judeu Zelenskyy já tinha vindo a público condenar o ataque do grupo Hamas, defendendo, contudo, que “o direito de Israel à autodefesa é inquestionável”.
Horrible news from Israel. My condolences go out to everyone who lost relatives or close ones in the terrorist attack. We have faith that order will be restored and terrorists will be defeated.
Terror should have no place in the world, because it is always a crime, not just…
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) October 7, 2023
O presidente ucraniano está esta quarta-feira, pela primeira vez, na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em Bruxelas, para participar na reunião de ministros da Defesa da NATO no quartel-general da Aliança Atlântica.
Guerra no Médio Oriente
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