Os dissidentes chineses estão alarmados com a “propaganda à Partido Comunista” de Trump

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The White House

“Parece a Revolução Cultural”. Os chineses que há muito olham para os Estados Unidos como um modelo para a democracia que sonham para o seu próprio país estão cada vez mais preocupados com o discurso, o estilo e as ações do presidente Trump.

Ao mesmo tempo que, nos Estados Unidos, os norte-americanos se debatem com a turbulência desencadeada pela administração Trump, muitos chineses estão a descobrir que se identificam com o que muitos americanos estão a passar.

Segundo o New York Times, vários jornalistas e ativistas chineses estão a traçar paralelos entre o que está a acontecer nos Estados Unidos agora e a infame “Revolução Cultural” que ocorreu na China nos anos 1960 e 1970 sob o ditador Mao Zedong.

Os jovens assessores que Elon Musk enviou para desmantelar o governo dos EUA fazem lembrar a alguns chineses os Guardas Vermelhos que Mao Zedong recrutou para destruir a burocracia no auge da Revolução Cultural“, nota o jornal nova-iorquino.

Ao ouvir o Presidente Trump especular sobre um terceiro mandato, é de imaginar que o líder da China, Xi Jinping, esteja a pensar, ‘eu sei como fazer isso‘, diz o NYT. O presidente chinês assegurou em 2022 um mandato presidencial adicional, fazendo aprovar uma mudança constitucional para o efeito.

Estes dissidentes chineses também salientam a linguagem bajuladora usada pelos membros do gabinete de Trump e pelas contas oficiais de redes sociais do governo, que parece ser ainda mais extremista do que a própria propaganda do Partido Comunista Chinês.

“Mesmo as publicações posts da embaixada do PCC, com toda a sua propaganda, não estão todos os dias a elogiar obsessivamente Xi Jinping“, observou recentemente Deng Haiyan, um crítico do governo chinês, no X/Twitter.

Estes chineses estão a assistir a coisas que pensavam que só podiam acontecer na China: anúncios oficiais aduladores, intimidação dos meios de comunicação social e os líderes de algumas das maiores empresas do país a disputar o favor dos dirigentes — para não falar de um presidente que se intitula rei.

“Estou assoberbado com uma sensação de familiaridade — isto parece-se tanto com a China”, disse ao New York Time Zhang Wenmin, jornalista de investigação que há 2 anos deixou a China para e mudou-se para os Estados Unidos.”Acabei de sair da frigideira para cair no fogo“.

É claro que os dois países são fundamentalmente diferentes. A China é um Estado de partido único que carece dos três pilares do sistema americano: liberdade, democracia e Estado de direito. Milhões de chineses morreram durante a Revolução Cultural e dezenas de milhões foram perseguidos.

O que está a acontecer nos Estados Unidos está longe disso, nota o The New York Times. Pelo menos, para já.

ZAP //

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