“Os Cinco de Dresden” condenados na Alemanha pelo espetacular assalto a um museu

Paul Hermans / Wikipedia

Museu Grünes Gewölbe, em Dresden

O caso chamou atenção pela audácia e rapidez dos ladrões. Grande parte das joias do século XVIII levadas do Grünes Gewölbe, em Dresden, foi entretanto recuperada pelas autoridades.

Um tribunal alemão condenou esta terça-feira cinco envolvidos no roubo do museu Grünes Gewölbe, em Dresden, um dos mais espetaculares das últimas décadas no país. Na ocasião, foram roubadas joias no valor de 113 milhões de euros .

Os cinco homens, atualmente com 24 a 29 anos, foram condenados a penas de prisão que variam entre quatro anos e quatro meses e seis anos e três meses. Um dos acusados, de 25 anos, foi absolvido por ter um álibi.

O tribunal de Dresden determinou que os cinco acusados foram responsáveis pela invasão do Grünes Gewölbe, a 25 de novembro de 2019, e considerou-os culpados pelo roubo de joias com mais de 4.300 diamantes.

Os acusados foram ainda condenados por incêndio intencional e criminoso agravado, lesão corporal grave, roubo com armas e danos à propriedade.

Os cinco assaltantes, que fazem parte do clã teuto-árabe Remmo, conhecido na cena do crime organizado alemã, foram detidos alguns meses após o roubo, na sequência de operações realizadas pelas autoridades alemãs em Berlim.

Em janeiro, um acordo estabelecido entre a defesa, a acusação e o tribunal permitiu a devolução de grande parte das joias roubadas.

Roubo em questão de minutos

O caso chamou na altura atenção pela audácia e rapidez dos ladrões, digno do enredo de um filme de ação Hollywood. E se os onze de Danny Ocean deram um golpe espetacular num casino, os “Cinco de Dresden” fizeram-no num histórico museu da cidade alemã.

Na madrugada de 25 de novembro de 2019, os criminosos entraram no museu para roubar joias do século XVIII.

Os ladrões cortaram uma grade de metal e partiram uma janela para entrar no antigo palácio residencial. Imagens de câmaras de segurança divulgadas pela polícia de Dresden após o roubo mostram dois suspeitos a entrar na sala.

Os assaltantes partiram então uma vitrine de vidro com um machado e levaram três conjuntos de joias do século XVIII. Tudo durou alguns minutos.

Quando a polícia chegou ao local, minutos após o alarme ter sido acionado pelos  seguranças do museu, os ladrões já tinham fugido de carro, que mais tarde foi encontrado incendiado. Antes disso, os assaltantes lançaram fogo a um posto de energia, o que causou um apagão nas ruas das imediações.

De acordo com imagens divulgadas pelas autoridades, as peças roubadas incluíam o famoso Diamante Branco de Dresden, de 49 quilates, uma espada incrustada de diamantes e um conjunto de joias que pertenceram a uma rainha da Saxónia, Amalie Auguste, do século XIX.

Imediatamente após o crime, foi criada uma equipa especial de 20 investigadores, com o nome de código de “Epaulette” — em homenagem a uma ombreira ornamentada, um dos itens que tinha sido roubado — para investigar o caso.

Coleção de grande prestígio

O museu Grünes Gewölbe, situado no Castelo de Dresden, acolhe uma das maiores coleções de tesouros da Europa. Foi fundado entre 1723 e 1729 por Augusto, o Forte, para exibir publicamente a sua coleção de tesouros, tornando-o um dos museus mais antigos do mundo.

Uma das atrações turísticas mais populares da cidade, o museu tem cerca de 3 mil peças em exposição. Foi danificado durante a II Guerra Mundial e, no final do conflito, a coleção foi levada para a União Soviética, tendo sido devolvida a Dresden em 1958.

O historiador de arte Ulli Seegers, ex-diretor da filial alemã do Art Loss Register, que recolhe relatos mundiais sobre o desaparecimento de objetos de arte, disse em 2019 numa entrevista à DW que os museus correm sempre o risco de perder partes das suas coleções.

É preciso pesar com muito cuidado o que é o interesse público e como podemos proteger esses tesouros de valor irrecuperável, na medida do possível”, afirmou.

É necessário encontrar equilíbrios, diz o historiador, “mas, em última análise, onde quer que deixemos que as pessoas entrem e apreciem uma obra de arte ou joalharia, há sempre um risco” de a perder.

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