Os cientistas continuam a discutir a origem do rio Amazonas

É uma discussão que já dura há séculos: a origem de um dos rios mais poderosos do mundo — o rio Amazonas.

O rio Amazonas tem a maior bacia de drenagem do mundo e é também o maior em termos de volume de água.

Explorado há milénios pelos povos indígenas, nos séculos mais recentes o rio Amazonas tem sido explorado por outros investigadores que procuraram encontrar a nascente do grande rio da América do Sul.

Segundo o Discover, estas investigações vão desde os conquistadores europeus, há quase cinco séculos, até às explorações científicas mais recentes, que recorrem ao uso da tecnologia.

Contudo, identificar a nascente do rio Amazonas continua a ser uma questão em aberto — de forma semelhante à discussão em torno da nascente do rio Nilo, no norte de África.

Depende muito do ramo que se decide seguir — metafórica e geograficamente. Por esse motivo, os investigadores têm defendido a existência de várias nascentes.

“O que é complicado na medição da nascente de um rio é que o método utilizado dita o resultado”, diz Andrew Johnston, diretor do Planetário Adler em Chicago.

De acordo com o Discover, os primeiros exploradores do rio Amazonas foram o conquistador espanhol Francisco de Orellano, que explorou o rio em 1541, e, mais tarde, o missionário jesuíta checo Samuel Fritz, por volta de 1689.

Fritz acreditava que o rio Marañón, no qual o Napo, no Equador, desagua logo ao lado da cidade peruana de Iquitos, era o principal afluente e fonte do Amazonas.

Essa crença manteve-se até aos anos 1900, de acordo com Johnston. No século XX começaram a ser feitas expedições que questionaram o trabalho de Fritz.

Os geógrafos começaram a acreditar que o rio Ucayali era um afluente mais longo do que o Marañón.

Em 1983 realizou-se uma viagem da National Geographic, liderada pelo fotojornalista Loren McIntrye, que seguiu o rio Carhuasanta até chegar a um lado, que agora tem o seu nome.

Seguiram-se outras expedições ao Monte Mismi, nomeadamente uma no início da década de 1980 pelo filho de Jacques Cousteau, Jean Michel Cousteau.

Mais recentemente, em 1997 e 1998, Johnston aventurou-se na região amazónica como geógrafo do Smithsonian Institution. Juntamente com os colegas, deslocou-se primeiro à nascente do Lloqueta, que é alimentado por cinco riachos, nomeadamente Carhuasanta, Sillanque, Apacheta, Calomarco e Ccaccansa.

Nessa altura, os cursos de água eram apenas riachos que se podiam saltar a correr. Seguiram cada um deles rio acima, mapeando-os com dados de GPS. Os resultados confirmaram a avaliação de McIntyre de que o Carhuasanta era o maior e, possivelmente, a nascente do Amazonas.

Porém, Johnston diz que o Apacheta é semelhante em tamanho, mas devido a um fluxo anual variável, pode haver alguns anos em que o rio Apacheta é um pouco mais longo do que o Carhuasanta. Mas, é provável que este último seja maior em média.

Johnson diz que o que não está claro é se o Lago McIntryre pode ser definido como a cabeceira, uma vez que o rio é drenado no subsolo por um período antes de reemergir no Carhuasanta. A sua equipa apenas considerou a água que se desloca por terra.

Contudo, ainda persiste outra dúvida. Em 2014, outra expedição liderada por James Contos, caiaquista, e Nicholas Tripcevich, antropólogo, alegou ter descoberto que o rio Mantaro era um ramo mais longo do Ucayali do que o Apurímac — e é, de facto, a fonte mais distante do famoso rio.

Contos e Tripcevich argumentaram que as numerosas curvas e voltas do Mantaro fazem com que seja mais longo do que parece num mapa, ultrapassando, portanto, o Apurímac.

Por sua vez, Johnston diz que o problema de apontar o Mantaro como a verdadeira fonte do rio Amazonas é que as numerosas barragens e desvios alteram a sua hidrologia natural. “Algumas pessoas chamar-lhe-iam uma imagem turva”, diz Johnston. “Eu preferiria chamar-lhe uma rica tapeçaria” .

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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