As comunidades caninas de Chernobyl estão a oferecer aos cientistas uma visão única de como a vida se adapta num dos ambientes mais hostis da Terra.
Apesar de Chernobyl ser um local verdadeiramente inóspito desde o maior acidente nuclear da história, o mundo animal tem permitido aos investigadores tirar conclusões curiosas.
A vida selvagem sofreu com os elevados níveis de radiação, que causaram várias mutações genéticas, problemas de reprodução e um declínio acentuado das populações, mas ao longo do tempo, e com a ausência de seres humanos na Zona de Exclusão de Chernobyl, a natureza recuperou.
Segundo o Earth, um novo estudo concentrou-se em estudar duas comunidades caninas que, segundo os investigadores, oferecem um vislumbre de como a vida pode adaptar-se. Norman Kleiman destacou inclusive que, “de alguma forma, duas pequenas populações de cães conseguiram sobreviver naquele ambiente altamente tóxico“.
Um grupo vive perto dos antigos reatores de Chernobyl e o outro vive a cerca de 16 quilómetros, na cidade de Chernobyl, o que significa que estas duas populações raramente se cruzam.
“Além de classificar a dinâmica populacional destes cães em ambos os locais, demos os primeiros passos para compreender como a exposição crónica a múltiplos riscos ambientais pode ter afetado estas populações”, salientou o investigador.
A equipa analisou então o ADN dos animais e identificou 391 regiões anómalas nos seus genomas que diferiam entre os dois grupos. Segundo Matthew Breen, da NC State, “estas regiões são como marcadores, ou sinais, numa autoestrada”, na medida em que “identificam áreas dentro do genoma onde devemos olhar com mais atenção para os genes próximos”.
“Alguns destes marcadores estão a apontar para genes associados à reparação genética; especificamente, à reparação genética após exposições semelhantes às sofridas pelos cães em Chernobyl”, explicou. “Nesta fase, não podemos dizer com certeza que quaisquer alterações genéticas são uma resposta às exposições multigeracionais e complexas, temos muito mais trabalho a fazer para determinar se é esse o caso.”
Já Megan Dillion, candidata a doutoramento e uma das principais autoras do estudo, referiu que “a questão a que temos de responder agora é porque é que existem diferenças genéticas notáveis entre as duas populações de cães”.
Esta investigação ganha relevância na medida em que os cães são uma espécie modelo que têm muito a ensinar sobre a própria saúde humana.
“Ao determinar se as alterações genéticas que detetámos nestes cães são ou não a resposta do genoma canino às exposições que as populações enfrentaram, poderemos compreender como os cães sobreviveram num ambiente tão hostil e o que isso pode significar para qualquer população – animal ou humana – que sofra exposições semelhantes”, resumiu a investigadora.
O objetivo da equipa é dar continuidade a esta investigação na esperança que as suas descobertas abram novos caminhos de conhecimento sobre a adaptação genética em ambientes extremos.
O artigo científico pode ser consultado na Canine Medicine and Genetics.
Moral de história. A radiação até é capaz de fazer bem ´saude, e ajuda a ficar-mos mais fortes e resistentes, tipo super homem a encaixar umas boas doses de kriptonita, estão a ver ? Portanto, uma bombinha nucleares que caia perto de si, não tem mal nenhum, e, bem vistas as coisas,, até pode ser divertido