Parece estranho, mas também há agricultores a passar fome. Centenas de viticultores do Douro estão em protesto, esta quarta-feira, na Régua, contra o aumento dos custos de produção e a quebra de receitas na venda de uvas.
Os viticultores do Douro voltaram aos protestos em defesa dos rendimentos.
O aumento abrupto dos custos de produção e a quebra de receitas na venda de uvas são as principais razões de queixa, dos trabalhadores que se concentram em protesto, no Peso da Régua, esta quarta-feira.
Em frente ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, relatava a Antena 1, podia ouvir-se: “o Douro unido jamais será vencido”.
Outra das mensagens citada é “o Douro não tem excesso de uvas, mas sim excesso de vinho. Valorizem o que é nosso”.
À rádio pública, os viticultores queixam-se que, durante os últimos anos, os governantes “assobiaram para o lado” quanto aos problemas daquela região.
Os produtores criticam o excesso de vinho que vem de outras regiões, enquanto Portugal regista uma quebra preocupantes na venda das uvas.
“O Douro tem excesso de uvas. Se nós fizéssemos o vinho das nossas uvas, não havia excesso. Há excesso porque vêm vinhos de outras regiões para aqui“, disse Júlio Carvalho.
Arménio Dias, também agricultor, sente-se “roubado” e lamenta que as uvas do douro estejam a ficar – literalmente – penduradas: “Estão a roubar-nos de dia para dia, de ano para ano. As nossas uvas estão a ficar penduradas”.
O viticultor queixa-se também de que este cenário desvaloriza cada vez mais o trabalho dos nossos produtores: “No ano passado, pagámos a 300€ a pipa. Isto não paga os tratamentos sequer. Há dois anos, era 500€, no mínimo. Passou de 500€ para 300€. Pelo menos 500€ era um valor justo”
E as dificuldades começam a ser sérias: “Na vinha, está o trabalho de um ano inteiro. O valor que nos pagam não chega. Há muita fome no Douro“.
Também Fernando, outro agricultor, diz que começa a faltar dinheiro para tratar das vinhas – e não só: “Cada vez está pior, vai haver muitas vinhas ao abandono. O Governo não faz nada para que isto melhore; não toma medidas, para controlar os vinhos que entram de fora. Isso está a dar cabo da nossa região, dos nossos vinhos, da nossa marca. Nem para pagar uma migalha dos créditos, quanto mais para sobrevivermos“.