Estudo explica a origem do nojo que tendemos a sentir por adultos mais velhos

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Uma série de três estudos concluiu que há uma razão evolutiva para o sentimento de nojo que tendemos a ter por pessoas mais velhas das quais não somos próximas.

Uma nova série de três estudos publicado na Evolutionary Psychology comprovou que há uma resposta emocional mais forte para evitarmos adultos mais velhos que não conhecemos, o que confirma a hipótese de que há uma tendência generalizada para sentirmos nojo por esta parte da população.

Alguns estudos sugerem que a sensação de nojo é mais forte contra indivíduos desconhecidos do que contra aqueles que conhecemos, um fenómeno conhecido como “efeito da fonte de nojo“, escreve o PsyPost.

As investigações debruçaram-se sobre este efeito especificamente na população mais velha, com a consideração importante da virtude da piedade filial, um conceito oriundo das culturas asiáticas que se referente ao respeito pelos pais e avós.

O primeiro estudo incluiu 58 estudantes de uma universidade do leste da China que foram atribuídos aleatoriamente a um grupo conhecido ou desconhecido. Os participantes no grupo familiar foram instruídos a imaginar e indicar por escrito o adulto mais velho com quem têm uma relação mais próxima enquanto que os do grupo desconhecido tiveram de imaginar um “homem velho completamente desconhecido com uma idade próxima da dos seus avós”.

Foram apresentadas 60 frases numa ordem aleatória com cenários nojentos, como alguém a cheirar mal, e cenários neutros, como alguém que visita um amigo que está doente no hospital. O sujeito da frase era o adulto mais velho que os inquiridos tinham dito anteriormente e estes tiveram de avaliar numa escala de -5 a 5 os seus sentimentos de nojo. Depois disto, deram os seus dados demográficos.

Foi feito um estudo igual numa amostra de 82 adultos mais velhos também no leste da China, mas com um detalhe diferente — os participantes também preencheram uma escala sobre a piedade filial composta por 12 itens, com frases como “os filhos devem sempre ser calorosos com os pais” ou “quando os pais estão doentes, os filhos devem sempre tratar deles”.

Já o terceiro estudo examinou os efeitos da fonte na tendência de se evitar adultos mais velhos com níveis diferentes de familiaridade diferentes quando estes fazem alguma coisa nojenta, com uma amostra de 69 estudantes universitários no leste da China.

“O sistema imunitário comportamental é um grupo de mecanismos de defesa para evitarmos o contacto com organismos que tenham patogénicos infeciosos e é maioritariamente constituído por dois mecanismos: a identificação de pistas da ameaça e a reação à ameaça dos patogénicos“, escrevem os autores.

Os participantes tiveram depois de fazer uma tarefa de discriminação das formas que lhes apareceram num ecrã em que tinham de responder o mais rápido possível. Foram também expostos às mesmas 60 frases dos estudos anteriores de forma aleatória, com o sujeito a alternar entre alguém conhecido ou desconhecido, e depois de cada frase, um círculo ou um triângulo apareciam.

Para os círculos, os participantes tinham de clicar num número e para os triângulos tinham de carregar numa letra. O estudo teve em conta a diferença no tempo de reação, já que este dá a entender a tendência de se evitar algo.

Ao longo dos três estudos, os cientistas encontraram provas de um efeito de fonte no nojo sentido pelos mais velhos e este foi detetado tanto nos estudantes como na amostra da comunidade. O valor da piedade filial também não moderou o efeito.

Os autores lembram que a investigação tem uma limitação, já que se baseia no auto-relato e em respostas comportamentais e também por se ter baseado apenas na China, podendo os resultados variar se os participantes forem de outra cultura.

ZAP //

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