À conquista do mundo. Genética revela a surpreendente origem da barata alemã

David Monniaux / Wikipedia

Barata alemã (Blattella germanica)

Cientistas descobriram a origem da chamada “barata alemã”, uma espécie-praga registada pela primeira vez na Europa Central há cerca de 250 anos.

Apesar do nome, as baratas alemãs habitam todos os continentes, exceto a Antártida, e são, na verdade, a espécie mais prevalecente das 4.600 espécies de baratas na Terra.

O mais surpreendente é que os animais eram basicamente desconhecidos na Europa até 1767, altura em que o biólogo sueco Carl Linnaeus descreveu a Blattella germanica pela primeira vez.

Recentemente, uma nova investigação procurou identificar como é que este inseto se tornou uma praga em todo o mundo e a resposta está escrita no ADN da barata alemã.

Ao analisar marcadores genómicos de 281 baratas de 17 países de seis continentes e após medirem o grau de parentesco entre estes animais, os cientistas traçaram pela primeira vez a rápida ascensão e propagação deste animal.

Segundo a Cosmos, todos os sinais apontam para a evolução da espécie a partir da barata asiática (Blattella asahinai) há cerca de 2.100 anos, na atual Índia e Myanmar.

“Descobrimos que a sequência da barata alemã era quase idêntica à da B. asahinai, uma espécie nativa da Baía de Bengala, do leste da Índia a Bangladesh e Myanmar”, salientou Theo Evans, da Universidade da Austrália Ocidental, co-autor do artigo científico publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

A análise acabou por revelar duas rotas através das quais a espécie se espalhou por todo o mundo.

“Encontramos uma rota de propagação inicial há cerca de 1.200 anos, que ia do leste da Índia para o oeste, provavelmente devido ao aumento das atividades comerciais e militares dos califados islâmicos omíadas ou abássidas”, disse Evans.

A segunda rota foi para leste, há cerca de 390 anos, no arquipélago da Indonésia, facilitada por várias Companhias Europeias das Índias Orientais. Estas empresas comercializavam especiarias, chá, algodão e outros produtos no Sul e Sudeste Asiático e na Europa.”

A B. germanica cresce entre 1,1 e 1,6 centímetros de comprimento e pode ter diferentes tons de castanho ou preto. São necrófagos omnívoros atraídos por carnes, amidos, açúcares e alimentos gordurosos e, para sobreviver, precisam de evitar serem vistas por humanos.

ZAP //

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