Perspectiva lançada por Ricardo Araújo Pereira. Marques Mendes vê um documento “habilidoso” e com um ministro vencido.
O Orçamento de Estado continua a originar reacções. Estas duas em contextos bem distintos.
Luís Marques Mendes confessou: “Talvez não estivesse à espera de tanto eleitoralismo”.
No seu comentário habitual na SIC, Marques Mendes não têm dúvidas: este documento é eleitoralista e habilidoso.
“Claro que é um Orçamento de Estado eleitoralista. E muito. Só que é um eleitoralismo hábil. É eleitoralista nos salários, nas pensões, no enorme aumento de despesa pública – mas sobretudo no alívio fiscal. É habilidoso na conciliação de alívio fiscal com excedente orçamental. Não é fácil acusar de eleitoralismo um Orçamento de Estado que não tem défice e até tem excedente orçamental”.
Em relação aos impostos, o comentador vê uma ligação directa com o PSD: “O Governo foi muito mais longe do que se previa. Porquê? Por causa da proposta do PSD. O Governo quis tirar ao PSD o discurso da baixa de impostos. Primeiro disse mal da proposta. Depois fez quase igual. É a táctica política.
O social democrata vê “coisas boas” no documento, como o défice, a dívida e o IRS, e também “coisas más” na economia (falta de ambição económica e de incentivos à produção e à poupança, e a carga fiscal que volta a subir).
Mas tem também “um truque fiscal pouco recomendável: o Governo dá com uma mão o que tira com a outra. Os impostos indirectos superam a descida do IRS”.
De acordo com o especialista, o documento evidencia que dois ministros venceram e um saiu derrotado. Fernando Medina e Ana Mendes Godinho ganham, Costa Silva perde.
“A economia é o parente pobre deste Orçamento de Estado; falta uma estratégia e faltam medidas que fomentem o crescimento de riqueza. Este é um ministro ausente no Orçamento. É um desaparecido, completamente ausente, e isto é mau”, avisou.
Além disso, há quatro ministros que ficam sob especial observação: Saúde, Educação, Presidência e Habitação – porque todos “têm muito dinheiro, mas até agora não apresentaram resultados”.
O “pipi”
Luís Montenegro descreveu o documento como “pipi, que aparece bem vestidinho, muito apresentadinho, mas que é só aparência”. Depois, Carlos César disse que o Orçamento de Estado “não é pipi”.
“Esta discusão sobre o pipi não parecia uma discussão sobre o Orçamento de Estado; parecia uma discussão de obstetras sobre uma ecografia“, ironizou Ricardo Araújo Pereira, também na SIC.
Mas o humorista disse que percebe que o líder do PSD esteja obcecado por pipi: “Tem recuado tanto nas sondagens que só ouve ‘pi pi’ de marcha-atrás”.
Ricardo recuperou a partilha de Susana Peralta, a professora de economia que mostrou que há uma parte do Orçamento de Estado que prevê “XX milhões em habitação pública, XX na educação e YY na coesão territorial”.
Relatório do OE24, página 51. Com XX milhões em habitação pública, XX na educação e YY na coesão territorial, o investimento público em 2024 vai estar a bombar. Segurem-se. pic.twitter.com/70pouRdNeO
— Susana Peralta (@speraltalisboa) October 11, 2023
“Quero ver alguém negar, agora, que é um Orçamento pipi. Pois se tem xisxis…”, disse Ricardo.
Por outro lado, “o Governo esteve bem: as pessoas vão ver sempre ver o Orçamento à procura de cagadas, mas só encontraram xisxis”.