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Orçamento do recorde: “Escondam as carteiras”

Manuel de Almeida / Lusa

João Cotrim de Figueiredo, Iniciativa Liberal

Aviso da Iniciativa Liberal, que fala em “mais um recorde” na carga fiscal no próximo Orçamento de Estado.

João Cotrim de Figueiredo já tinha dito, na sexta-feira que, segundo dados revelados pelo ministro das Finanças, em 2024 “o saldo orçamental será neutro” e o crescimento económico rondará 1,5%.

“Este 1,5% é a mesma perspetiva que o Banco de Portugal esta semana deu, revendo em baixa e sobretudo em duas grandezas que eu questionei o senhor ministro das Finanças agora e não obtive resposta que me deixam preocupado: é o investimento que cai para um terço do que estava orçamentado. Grande surpresa, não há explicação para isto. E o consumo público que cai para metade do que estava orçamentado também”, alertou o deputado da Iniciativa Liberal (IL).

Na opinião de Cotrim Figueiredo, “as grandezas orçamentais que interessam verdadeiramente às pessoas” são as que produzam um crescimento que permita a capacidade de todos ganharem mais em Portugal.

“E não estarmos aqui todos os anos a discutir o salário mínimo, que se aproxima perigosamente do salário médio e acaba por fazer muito pouca diferença à vida das pessoas”, defendeu.

Lamentando que Portugal vá em 2023 “bater o triste recorde de ultrapassar os 100 mil milhões de euros de despesa pública“, o deputado da IL explicou que o objetivo nesta reunião com Fernando Medina era perceber o ponto de partida, ou seja o cenário macroeconómico, e o ponto de chegada, ou seja o orçamento que vai ser apresentado na terça-feira.

“Quis perguntar ao senhor ministro das Finanças se era neste, que é o nono Orçamento do Estado dos governos de António Costa, que não íamos mais uma vez bater o recorde de carga fiscal. Não obtive resposta. E se íamos ter pela primeira vez alguma coisa parecida com uma reforma estrutural, fosse nos serviços públicos, no sistema fiscal ou da administração pública. Em nada disto o senhor ministro se quis comprometer; e, se me perguntar a minha opinião, não é desta que vamos ter qualquer espécie de reforma estrutural”, referiu.

Segundo Cotrim Figueiredo, haverá “gestão de curto prazo” neste orçamento para “tentar responder a emergências” eventualmente com medidas na habitação, nos combustíveis ou no IRS jovem.

“Os orçamentos não respondem às questões estruturais e estamos permanentemente nisto: ajustamos uma taxa aqui 5%, ali meio por cento sem nunca resolver o problema. Estamos cansados todos os anos de vir aqui dizer que não vemos visão, que não vemos estratégia“, condenou.

Relatando que Medina lhe respondeu que “não é papel do ministro das Finanças ter surpresas bombásticas nos orçamentos”, o antigo líder da IL deixou um apelo uma vez que já está “por tudo“: “Façam antes, façam depois, façam com fugas de informação, façam na apresentação, mas façam alguma coisa de estrutural para mudar os problemas que o país repetidamente vai tendo, a começar no crescimento económico que continua a ser a nossa grande pecha”.

“Escondam as carteiras”

Já neste domingo, na rede social X, a Iniciativa Liberal partilhou excertos dessas declarações de Cotrim Figueiredo.

A publicação começa com um aviso: “Escondam as carteiras”.

A IL alerta que o novo orçamento do Partido Socialista (PS) é sinónimo de “mais um recorde de carga fiscal” e reforça que “não se vê uma única reforma”.

“O PS gosta de como o país está e dá tudo para o manter igual”, finalizam os liberais.

ZAP // Lusa

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