Com Rangel fora da equação, listas da oposição a Rio para o Conselho Nacional deverão colocar Pinto Luz e Montenegro frente a frente

António Pedro Santos / Lusa

Rui Rio, Miguel Pinto Luz, Luís Montenegro

Antigos adversários não não chegaram a acordo sobre quem deveria ser protagonista da lista da oposição a Rui Rio para o Conselho Nacional, o que deve jogar a favor do líder.

Ao contrário do que seria expectável, as listas candidatas ao Conselho Nacional do PSD não deverão ser um segundo round das eleições diretas entre Rui Rio e a sua oposição interna, já que, de acordo com os últimos relatos, as várias fações que ao longo dos últimos anos tentaram derrubar o atual líder não conseguiram chegar a um consenso sobre quem as deveria protagonizar e, assim, abrir caminho para um PSD pós-Rio — que, no imediato, não deverá passar por Paulo Rangel.

De acordo com o Observador, Pedro Alves e Hugo Soares, do lado de Luís Montenegro, tentaram uma aproximação a José Manuel Fernandes, eurodeputado e um dos apoiantes de Rangel. O objetivo da reunião seria chegar a um solução pacificadora que passaria, por exemplo, por Miguel Poiares Maduro, a qual, entende-se ser uma figura neutra dentro do partido.

No entanto, tal acabou por não resultar, com Miguel Pinto Luz, uma das figuras mais visíveis da candidatura de Paulo Rangel, a reclamar um lugar de destaque na lista, algo que os montenegristas — com objetivos obviamente distintos — recusaram. Ainda de acordo com a mesma fonte, o vice-presidente da câmara de Cascais deverá ser mesmo um dos primeiros nomes da lista que irá a votos no Congresso.

Já Luís Montenegro opta por uma postura diferente, mais discreta, após aquilo que muitos entenderam como uma derrota ou uma traição do seu lado, já que muitas das concelhias onde o antigo líder parlamentar teria influência acabaram por pender para Rio. As suas tropas vão, ainda assim, constituir uma lista ao Conselho Nacional, o que poderá ser uma forma de, internamente, as duas fações medirem o seu poder.

Existe ainda a possibilidade de existirem mais listas para além das encabeçadas pelos apoiantes de Paulo Rangel e de Luís Montenegro — mesmo dentro dessas esferas.

Do lado de Rui Rio, o foco é garantir que, mesmo em caso de derrota nas legislativas, o líder recém reeleito está em condições de desempenhar o seu mandato até ao fim, pelo que é importante ter uma maioria confortável no Conselho Nacional — de forma a evitar situações como as dos últimos meses onde Rui Rio teve a sua liderança frequentemente ameaçada e contestada no órgão máximo do partido entre congressos.

Uma das chaves do entendimento social-democrata dos próximos dois anos poderá ser Carlos Eduardo Reis, que nos últimos anos tem constituído listas alternativas às duas oficiais e, em 2019, pediu aos seus apoiantes para, tal como escreve o Observador, travar as tentativas de impeachment de Rui Rio. Nas últimas diretas teve também um papel preponderante na eleição do antigo autarca do Porto, pelo que há quem veja com bons olhos a iniciativa de Carlos Eduardo Reis em criar uma lista não oficial e, assim, promover uma proliferação dos votos.

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