ONU aprova resolução que condena negar o Holocausto

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SebaSimon / Flickr

Prisioneiros no campo de Auschwitz

ONU diz que minimizar número de vítimas ou culpar outras nações que não a Alemanha pelos campos de concentração também são formas de negação.

Segundo a Deutsche Welle, a ONU apela às empresas de comunicação social para tomarem medidas contra antissemitismo.

A Assembleia Geral da ONU adotou nesta quinta-feira (20/01), em reunião em Nova York, uma resolução que rejeita e condena qualquer negação do Holocausto. A proposta foi feita pelos embaixadores da Alemanha e de Israel.

Os 193 membros da Assembleia concordaram, sem votação, com a proposta. A ONU também apelou pediu aos media para tomarem medidas de combate ao antissemitismo online.

“A Assembleia Geral está a enviar uma mensagem forte e inequívoca contra a negação ou a distorção destes factos históricos”, realçou Antje Leendertse, embaixadora alemã na ONU. “Ignorar factos históricos aumenta o risco de que eles se repitam”, acrescentou.

O ministro de Israel do Exterior, Jair Lapid, e a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, divulgaram um comunicado conjunto, no qual destacaram que a negação do Holocausto é um tema em torno do qual a comunidade internacional está unida e fala de forma uníssona.

“Comprometemo-nos a manter viva a memória das vítimas e a garantir que os horrores do passado nunca mais se repitam”, sublinharam.

A embaixadora alemã em Israel, Susanne Wasum-Rainer, e o embaixador de Israel na Alemanha, Jeremy Issacharaoff, também publicaram um apelo conjunto, antes da reunião na quinta-feira, em Nova York.

“Esta resolução deve ser um sinal de esperança e inspiração para todos os Estados e sociedades que defendem a diversidade e a tolerância, lutam pela reconciliação e compreendem que lembrar o Holocausto é essencial para evitar que crimes do tipo se repitam”, escreveram os dois diplomatas.

Os dois embaixadores afirmaram ainda que a negação do Holocausto é um ataque às vítimas e aos seus descendentes, ao povo judeu e à “condição básica de sociedades pacíficas e coexistência pacífica em todo o mundo“.

A resolução da ONU estabelece uma definição de negação do Holocausto, o que inclui tentativas de distorcer fatos históricos.

Também são considerados negação esforços intencionais para desculpar ou minimizar o impacto do Holocausto ou seus principais elementos, incluindo colaboradores e aliados da Alemanha nazi.

A minimização grosseira do número de vítimas do Holocausto em contradição com fontes confiáveis, tentativas de culpar os judeus por causarem seu próprio genocídio, declarações que consideram o Holocausto como um evento histórico positivo, tentativas de obscurecer a responsabilidade pelo estabelecimento de campos de concentração e extermínio planeados e operados pela Alemanha nazi, colocando a culpa em outras nações ou grupos étnicos também fazem parte da negação.

O documento foi aprovado no dia em que se completaram 80 anos da Conferência de Wansee, quando líderes nazi se reuniram em Berlim para planear o assassinato de  11 milhões de judeus na Europa.

Uma cópia da ata da reunião de janeiro de 1942 foi descoberta por acaso, em 1947, e está preservada até hoje, tornando-se um símbolo do genocídio que já estava em andamento na época.

Ao contrário do que se afirma frequentemente, o extermínio organizado dos judeus não começou naquele dia, de 1942.

Meses antes, milhares deles já tinham morrido, vítimas da “solução final”, em especial nos territórios da União Soviética, ocupados pelas tropas alemãs desde meados de 1941.

Na época da conferência, 500 mil judeus, incluindo mulheres e crianças, já tinham sido mortos, a maioria por fuzilamento.

Baerbock referiu que, mesmo 80 anos após a Conferência de Wannsee, é essencial lembrar como os diplomatas alemães se tornaram cúmplices dos crimes nazis.

“Os funcionários do Ministério do Exterior que se colocaram ao serviço dos crimes e do genocídio do regime nazi também são culpados pelo sofrimento“, acrescenta.

Baerbock lembrou também as vítimas do Holocausto e fez uma promessa: “Nunca esqueceremos o que a Alemanha fez com elas”.

A Assembleia Geral da ONU designou o dia 27 de janeiro, o dia da libertação do campo de concentração de Auschwitz, como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

ZAP //

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