Onde está Yoon? Presidente sul-coreano deposto pode ter fugido do país: ninguém sabe dele

U. S. Secretary of Defense / Wikimedia Commons

O presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol

Está na residência oficial? Ninguém sabe, sem ser a segurança presidencial — que não deixa ninguém lá entrar. Há mandado de captura? Há. Conseguem capturá-lo? Não.

A polícia da Coreia do Sul disse nesta quarta-feira que está a rastrear a localização exata do presidente deposto, que poderá ter abandonado a residência presidencial, numa altura em que enfrenta um mandado de detenção.

Fonte policial citada pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap disse que não é possível “revelar especificamente” a localização atual de Yoon Suk-yeol, que se crê ter estado confinado na residência presidencial em Seul desde meados de dezembro, quando foi destituído pelo parlamento, e o início desta semana.

Desde essa altura, referiu a mesma fonte, não é possível confirmar o paradeiro do dirigente.

Yoon tem estado escondido no centro de Seul, num complexo montanhoso que está agora rodeado por barricadas de autocarros, arame farpado e guarda-costas presidenciais, conta o The New York Times (NYT).

A polícia confirmou que Yoon se encontrava na residência presidencial na sexta feira, quando vários agentes da agência anticorrupção tentaram detê-lo, sem sucesso, depois de a segurança presidencial ter impedido o acesso à casa.

Segundo o NYT, a segurança presidencial sul-coreana, a P.S.S., será a responsável por impedir a captura de Yoon. Tal como os Serviços Secretos nos Estados Unidos, a P.S.S. protege os presidentes em exercício ou os antigos.

Quando, na sexta feira, 100 investigadores e agentes da polícia se deslocaram à sua residência, a agência de segurança ultrapassou-os e impediu-os de avançar, questionando a legalidade do documento emitido pelo tribunal.

Os dois lados terão então andado às voltas durante um impasse de cinco horas e meia, até que os investigadores abandonaram os esforços para deter o presidente deposto.

O Partido Democrático (PD), principal formação política da oposição, falou sobre uma possível fuga de Yoon na terça feira, quando o diretor da agência anticorrupção, Oh Dong-won, disse a uma comissão parlamentar que não tinha recebido qualquer informação de que Yoon estivesse na residência.

Questionado sobre uma possível fuga, Oh disse que “estão a ser consideradas várias possibilidades”.

A pressão exercida pelo PD levou a polícia a tentar confirmar a localização de Yoon.

“Tanto quanto sabemos, o presidente encontra-se na sua residência oficial”, afirmou, por sua vez, um representante do gabinete presidencial, citado pela Yonhap.

Também os advogados do presidente deposto negam a fuga. Um deles, Yun Gap-keun, insistiu que a defesa de Yoon continua a recusar-se a acatar uma investigação baseada naquilo a que voltou a chamar de mandado de detenção inválido e ilegal contra o dirigente.

“O que é claro é que se o Gabinete de Investigação da Corrupção [CIO] solicitar o mandado [de detenção] a um tribunal do Distrito Ocidental de Seul, que está fora da jurisdição, não o podemos aceitar”, disse Yun, sublinhando que o poder para julgar a alegada insurreição de Yoon cabe aos tribunais do Distrito Central de Seul, os principais tribunais do país.

Yoon, que foi proibido de sair do país, está a ser investigado por rebelião, crime que pode ser punido com prisão perpétua ou pena de morte, depois de ter declarado lei marcial, a 3 de dezembro.

Se conseguirem deter Yoon, os investigadores têm 48 horas para o interrogar e até solicitar um mandado para prolongar a detenção, caso o considerem necessário.

Entretanto, o PD anunciou na terça-feira que vai apresentar uma queixa contra o novo presidente interino, Choi Sang-mok, por alegado incumprimento do dever no que diz respeito à detenção do antigo presidente.

De acordo com as sondagens realizadas no país, a maioria da população quer que Yoon seja deposto e preso.

Uma comissão especial do PD fez o anúncio durante uma conferência de imprensa, na Assembleia Nacional, criticando Choi por ter permitido que a segurança presidencial bloqueasse a entrada da residência na sexta-feira, impedindo a detenção de Yoon.

“De acordo com os relatos, o presidente interino Choi permaneceu em silêncio mesmo quando o Gabinete de Investigação da Corrupção solicitou cooperação relativamente à detenção do presidente Yoon”, afirmou a comissão, num comunicado divulgado pela Yonhap.

O partido também criticou Choi por não ter tomado qualquer medida contra o chefe da segurança presidencial, Park Chong-un, apesar do envolvimento deste no bloqueio da detenção de Yoon.

Choi, antigo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, está à frente do país desde 27 de dezembro, data em que o parlamento destituiu Han Duc-soo, que tinha substituído Yoon como presidente.

Han foi destituído depois de ter declarado a intenção de continuar a deixar vagos três lugares no Tribunal Constitucional, essenciais para confirmar a destituição de Yoon.

“ZAP” // Lusa

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