OCDE mais otimista que o Governo prevê crescimento do PIB em 5,4%. Inflação nos 6,3%

Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, conversa com o ministro das Finanças, Fernando Medina

O primeiro-ministro, António Costa, conversa com o ministro das Finanças, Fernando Medina

A economia portuguesa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,4% este ano, antecipa a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), uma revisão em baixa face à anterior, que em dezembro apontava para 5,8%.

Os números, publicados esta quarta-feira e citados pelo Expresso, constam do relatório económico da organização, onde o crescimento português para 2023 está previsto em 1,7% – em dezembro apontava para 2,8%.

As perspectivas da OCDE para 2022 são mais otimistas dos que as do Governo e do Banco de Portugal, que estimam um crescimento de 4,9%, do Conselho de Finanças Públicas (4,8%) e do Fundo Monetário Internacional (4%).

No mesmo documento, a OCDE reviu em baixa a projeção de crescimento da zona euro, para 2,6% este ano – em dezembro apontava para 4,3% -, e para 1,6% em 2023 – contra os anteriores 2,5%. Ou seja, caso se confirmem esses números, Portugal vai crescer mais do dobro do espaço da moeda única este ano.

A OCDE apontou que o “investimento público robusto, impulsionado pelos fundos europeus, e o regresso das exportações de turismo vão apoiar a recuperação” este ano, mas que “a guerra na Ucrânia, disrupções nas cadeias de abastecimento e aumentos nos preços da energia e de outras ‘comodities’ vão pesar sobre a atividade, baixando a confiança e o poder de compra”.

Em Portugal, após um forte crescimento no primeiro trimestre deste ano, “o ritmo da recuperação está abrandar”, notou a OCDE, destacando a “incerteza elevada, preços das comodities e da energia em alta e o declínio nos salários reais”.

A OCDE antecipa que os aumentos nos preços da energia e da alimentação levem a inflação média este ano a atingir 6,3%, descendo em 2023 para os 4%, um valor acima da fasquia de referência do Banco Central Europeu, que é de 2%.

A organização espera que “os salários acelerem, com as horas trabalhadas a atingir o nível pré-pandemia”. Ainda assim, avisa que “não será suficiente para proteger o poder de compra das famílias contra a inflação em alta”.

A organização prevê que o défice das contas públicas vai baixar para 1,5% do PIB este ano – um valor mais otimista do que o défice de 1,9% inscrito pelo Governo no OE-2022 – voltando a descer em 2023, para 1,1% do PIB. A OCDE prevê ainda que a taxa de desemprego caia para 5,8% este ano e 5,7% em 2023.

No relatório, a OCDE considera que apesar de Portugal ter poucas ligações diretas com os mercados russo e ucraniano, a guerra está a afetar a atividade económica, a confiança dos agentes e o poder de compra dos consumidores.

Aconselha, assim, o Governo a dar apoios diretamente aos mais afetados pela subida dos preços, famílias e empresas viáveis. No caso dos combustíveis, defende apoios financeiros diretos em vez da descida de taxas.

ZAP / Lusa //

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