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Sim, a Igreja de Santa Engrácia existe – e sim, as obras demoraram mesmo muito

Andreas Zachmann / Flickr

Igreja de Santa Engrácia

Panteão Nacional ficava no Mosteiro dos Jerónimos, antes do fim das (prolongadas) obras. Eça de Queiroz “mudou-se” para Santa Engrácia.

José Maria de Eça de Queiroz foi para o Panteão Nacional. Os restos mortais foram transladados para o local histórico nesta quarta-feira, 8 de Janeiro.

A manhã de quarta-feira foi preenchida com directos que duraram horas, que mostraram toda a cerimónia. E, lá pelo meio, muitos ouvintes ou telespectadores terão ouvido que os restos mortais do escritor estavam a entrar na Igreja de Santa Engrácia.

“Como? As obras de Santa Engrácia?” – terão perguntado alguns portugueses, aqueles que ainda não sabiam que a Igreja de Santa Engrácia existe mesmo.

Fica em São Vicente, Lisboa. Naquele local havia uma igreja original, um templo do século XVI, mas que não durou muito devido a um forte temporal.

A primeira pedra do edifício actual foi lançada em 1682; as obras acabaram em 1966. Passaram apenas… 284 anos.

Sim, daí as “obras de Santa Engrácia” quando se fala sobre uma construção ou remodelação que parece que nunca mais acaba.

Mas claro que o edifício não foi alvo de obras ao longo de 284 anos seguidos. Não é a Sagrada Família. Entre avanços e recuos, com a morte do arquitecto responsável João Antunes, com um terramoto e mudanças de regime pelo meio (e com outras prioridades dos sucessivos responsáveis), a espera foi realmente longa.

Mas lá nasceu o primeiro monumento barroco no país. Tem vista privilegiada sobre o Rio Tejo; evoca o templo italiano de San Pietro in Montorio e San Satiro em Milão.

E, desde 1966, passou a ser a “casa” do Panteão Nacional – que até então estava no Mosteiro dos Jerónimos. É monumento nacional, claro.

Por fim, uma explicação sobre o nome: a igreja original – uma ordem da Infanta D. Maria, filha do Rei D. Manuel I – seria para receber o relicário de Engrácia de Saragoça, virgem mártir do século III; e na mesma altura foi criada a freguesia Santa Engrácia (agora integrada em São Vicente, como já foi mencionado).

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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