CDS não está morto: tem trunfo para o Parlamento e Nuno Melo é candidato à liderança

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Ainda há um cenário em que o CDS-PP pode conseguir um deputado na Assembleia da República. A réstia de esperança reside na Madeira.

A Iniciativa Liberal e o Chega conquistaram, sozinhos, mais votos em Lisboa do que o CDS no país inteiro. Este é um retrato que resume bem a hecatombe centrista nestas eleições.

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que pediu a demissão do partido depois do mau resultado nas legislativas deste domingo. Após 47 anos, o CDS sai do Parlamento, não tendo elegido nenhum deputado.

“Não me recandidato”, disse Francisco Rodrigues dos Santos à SIC Notícias, esta terça-feira, através da sua assessoria.

O próprio ex-dirigente centrista António Pires de Lima, que se desfiliou recentemente do partido, considerou que o CDS-PP “morreu” no domingo e defendeu que vai “fazer muita falta à democracia portuguesa“.

Foi esta uma morte anunciada do CDS ou o partido ainda tem o que é preciso para renascer das cinzas?

Como realça o jornal i, o método de Hondt mostrou-se implacável para o ‘partido do táxi’. Embora os centristas até tenham tido uma maior percentagem de votos do que os eleitos PAN e Livre, o facto de terem sido geograficamente dispersos, fez com que não conseguissem nenhuma mandato.

“Se tivéssemos um sistema verdadeiramente proporcional, o CDS elegeria 3 deputados. (…) Um partido com quase 90 mil votos não ter representação parlamentar não faz sentido”, escreveu o recém-eleito deputado da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, no Twitter.

Ainda que seja improvável, há um cenário em que o CDS ainda pode conseguir um deputado no Parlamento.

Segundo a revista Sábado, na Madeira, PSD e CDS concorreram coligados. Entraram três deputados, sendo que um centrista é quinto na lista. No entanto, se Miguel Albuquerque quiser, o CDS ainda pode mesmo ter um deputado.

“Se quisermos, em qualquer momento desta legislatura, poderemos oferecer ao CDS representação parlamentar, com a evidente possibilidade de condicionar este partido/parceiro no contexto nacional”, disse o social-democrata madeirense Tiago Freitas.

‘Achismos’ à parte, o partido segue para congresso em março, com Nuno Melo e Filipe Lobo d’Ávila a serem os favoritos à sucessão de Francisco Rodrigues dos Santos.

Numa mensagem divulgada no Facebook, esta terça-feira, Nuno Melo anunciou a sua candidatura à liderança do partido.

“As eleições legislativas foi trágico, mas não pode ser encarado como o fim do partido, antes sim, como a oportunidade para um recomeço. O CDS faz falta a Portugal”, lê-se na mensagem partilhada.

Os apoiantes de Nuno Melo consideram que o eurodeputado mantém as condições para liderar o partido.

Em declarações à Antena 1, o ex-líder parlamentar do partido Telmo Correia defende que o CDS tem vários nomes que podem avançar no caminho da liderança, mas que Nuno Melo será a melhor escolha.

Já ao DN, Telmo Correia admitiu que “não será fácil reconstruir o partido”, mas “se há pessoa mais bem colocada para o fazer é Nuno Melo”.

O ex-deputado João Almeida não poupou nas críticas a Francisco Rodrigues dos Santos, acusando-o de “megalomania”. João Almeida disse que fará “tudo” para que estes resultados não signifiquem o fim do partido.

O antigo líder parlamentar do CDS António Lobo Xavier disse que o partido passa “um momento triste” e repartiu as culpas pela direção e críticos.

Filipe Anacoreta Correia, presidente da Mesa do Conselho Nacional, negou estar a ponderar apresentar uma candidatura à liderança do CDS.

Daniel Costa, ZAP //

19 Comments

      • Não me aceitam!….
        Não sou religioso nem dono da moral e dos bons costumes…
        Ainda não encontrei ninguém que conheça o Nuno Melo que não ache que ele é a “cara” do Chega – até mais que o Ventura!!

      • Pois eu cá acho que tu és mais Ventura que o próprio Ventura. Pelo menos és como ele. Só dizes baboseiras e argumentos… nunca vi nenhum.

  1. Olha não está morto… Diria que neste momento está morto e bem enterrado. Mas quem é crente, acredita em milagres e pode haver uma ressurreição como a de Jesus Cristo. A diferença é que Jesus Cristo ressuscitou no domingo seguinte à sexta-feira na qual foi crucificado, enquanto que o CDS foi crucificado a um domingo e não me parece que vá resuscitar já na próxima sexta-feira. Mas… tudo é possível…

    • Não vá por aí. Uma revisão eleitoral questionaria desde logo como é que um partido que tem 2 milhões de votos em 10 milhões (aproximadamente) possíveis, pode ter maioria absoluta. 20% da população decidiu uma maioria absoluta. Isso é surreal.

      • As maiorias são decididas pelos eleitores que votam. Acontece que nem todos os portugueses são eleitores (os menores de 18 anos não votam) e nem todos os potenciais eleitores se dão ao trabalho de caminhar até a uma assembleia de voto e votarem (são os abstencionistas, aqueles que deixam que os outros escolham por eles).
        Por outro lado, o método de Hondt é utlizado para permitir a representação por círculos eleitorais e para permitir uma mais fácil formação de maiorias estáveis (a recordação da 1a República aconselha vivamente a existência de maiorias estáveis). O método de Hondt também permite uma mais fácil mudança de partido vitorioso aquando de uma nova eleição.
        O sistema britânico vai ainda mais longe ao instituir círculos uninominais em que é eleito o candidato com mais votos sem segunda volta.
        Portanto, não se trata de surrealismo, trata-se de preguiça dos abstencionistas e de bom senso na escolha na definição do método de contagem de votos e atribuição de lugares.

      • Surreal?!
        Até podia ter maioria absoluta com, por exemplo, 500 mil votos – é apenas matemática – mas gostava de ouvir a tua alternativa!…

      • Bom, na realidade isso é possível porque quase 5 milhões decidiram que não era importante ir votar e decidir o futuro de Portugal

        Esses 2 milhões a que se refere são a maioria dos que se importaram em ir votar.

        Mas talvez se devesse começar a pensar em alterar o número de deputados eleitos por região.
        Quando menos 50 % dos votos se traduz em maioria de deputados significa que algumas zonas elegem mais deputados do que deviam.

      • Procurando responder de uma vez aos 3 comentários:
        – Os eleitores eram efetivamente próximos de 10 milhões. O primeiro comentador aborda a questão dos jovens. Esses já estão fora destes números. Não se esqueça que não votam apenas os que moram por cá.
        – Ainda o primeiro comentador refere: “o método de Hondt é utlizado para permitir a representação por círculos eleitorais”. O método de Hondt em Portugal não faz qualquer sentido. Os deputados deveriam ser eleitos pelo total nacional dado que em nenhuma instância representam a população de uma dada região e, tanto assim o é, que não lhe prestam contas mas sim ao presidente do partido. Veja o episódio Limiano, em que todo o país ficou chocado por um deputado decidir o sentido do seu voto pelo bem-estar da sua região. E ao aplicar o método de Hondt, então muitos partidos mais vale esquecerem dois terços dos distritos, porque nunca conseguirão eleger ninguém num distrito que só elege dois ou três deputados.
        – Em relação ao segundo comentador, apenas para referir que já há muito que defendo o voto obrigatório. E também sei por que motivo os políticos nunca irão aceitar essa possibilidade: seriam finalmente confrontados com o descrédito total na política no dia em que mais de 50% das pessoas votassem em branco! Essa é que é a realidade.

        Quanto ao resto apenas para dizer que algo vai de facto mal quando uma esmagadora maioria absoluta é feita com apenas 2 milhões de votos em 10 milhões possíveis. Significa que apenas um em cada cinco pessoas com que se cruzarem na rua, apoia este governo. As restantes 4 não apoiam. Quase 3, já nem perdem tempo em ir votar porque já perceberam que o poder político usa o povo de 4 em 4 anos para legitimar o saque que irão realizar nos 4 anos seguintes.

      • Concordo em parte, mas, não só votou quem não quis e, o voto obrigatório não faz qualquer sentido – principalmente num país civilizado no sec. XXI…
        Além disso, como referi antes, seria interessante saber qual a alternativa ao sistema actual.

  2. Os apoiantes do Cds foram votar no Chega e no IL. Se bem que o Cds já é um partido muito desgastado, com pouco apoiantes. O pessoal da extrema direita em Portugal , mudou-se para os outros.

  3. Embora o sistema uninominal seja “fácil” permite que um partido tenha maioria absoluta com 34% dos votos ( ou mesmo menos). A VANTAGEM é que os votantes do circulo eleitoral conhecem em quem votaram e que deve defender os interesses do circulo (se morrer ou resignar tem de haver nova eleição). O método de Hondt permite que os cabeças de lista sejam de Lisboa o que é uma VERGONHA. É vergonhoso ter como cabeça de lista um fulano que nem sabe onde fica a capital de distrito pelo qual é eleito. Ah e devia ser obrigatório votar ( como na Bélgica)

  4. “A VANTAGEM é que os votantes do circulo eleitoral conhecem em quem votaram e que deve defender os interesses do circulo”
    Isso não é verdade. Os deputados estão lá para defender o interesse nacional e não do território que os elege! Veja o caso limiano que deixou a assembleia toda de boca aberta a dizer que não era possível!
    E não se esqueça que eles não passam cavaco nenhum a quem o elegeu mas apenas ao presidente / secretário geral do partido. Anda distraído, o amigo!

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