A campanha eleitoral termina esta sexta-feira. Entre elogios, críticas e apelos, eis o apanhado do sprint final.
No final da arruada de Lisboa, o secretário-geral socialista, António Costa, avisou que só o voto no seu partido é certo, garantindo que o PS não tem um programa “escondido” e que nunca dependerá da extrema-direita.
“O voto no PS é o único que é certo e seguro. É o único que não tem um programa escondido”, sublinhou o socialista, numa achega clara ao PSD.
“Vejo o meu adversário muito empolgado e a decretar por antecipação os resultados, a distribuir as pastas entre ele e os outros partidos, a escolher ministros. Cada coisa a seu tempo. Neste momento é o tempo de os portugueses falarem, de os portugueses escolherem, de os portugueses decidirem”, salientou Costa.
Questionado sobre se, a partir de segunda-feira, vai “começar a trabalhar logo numa solução” governativa, respondeu: “No domingo à noite vamos ver quais são os resultados”.
“Em função dos resultados, o senhor Presidente da República designará a quem cabe a iniciativa de formação do Governo e, em função disso, iremos trabalhar”, acrescentou, apelando ao voto.
Rui Rio, por sua vez, defendeu que o Presidente da República deverá chamar para formar Governo o líder do partido mais votado, mesmo com uma maioria contrária.
A campanha social-democrata foi encerrada no Chiado, com o líder laranja a acusar o PS de ter aberto a porta aos extremos com a geringonça e não ter problemas em votar com o Chega. No final, Rio prometeu governar ao centro.
O Chega também desceu o Chiado e André Ventura voltou a dizer que acredita que o seu partido vai ficar em terceiro lugar na noite do próximo domingo. “É aí [terceiro lugar] que ficaremos”, sublinhou convicto.
Para Ventura, o “Chega tornou-se o grande assunto destas eleições” e, por isso, acredita que no domingo “os portugueses irão valorizar isso”.
Também no Chiado, a líder do PAN, Inês Sousa Real, cruzou-se com a caravana laranja e viu a socialista, admitindo um novo reencontro no pós-eleições.
“Trocámos alguns panfletos, quer com o PS, quer também com o PSD”, pelo que “ficamos com as ideias uns dos outros e vamos antecipando, se calhar, o debate que vai ocorrer depois do dia 30 de janeiro”, afirmou.
No Porto, Catarina Martins fechou o dia com acusações ao PS, que “alimentou a ambiguidade nestas eleições”. A coordenadora bloquista assegurou que voto no BE “vai impedir acordos de centrão”, dar uma maioria à esquerda e afastar a direita.
“O PS tem alimentado a ambiguidade nestas eleições e mesmo agora nos últimos dias diz que está a equacionar um acordo de cavalheiros com o PSD. Quem quer uma maioria à esquerda, quem quer uma maioria pelo salário, pela pensão, sabe que o voto é o voto no BE”, apelou Catarina Martins.
Jerónimo de Sousa criticou as declarações de Santos Silva, que considerou que poderá ser necessário um “acordo de cavalheiros” entre PS e PSD para viabilizar soluções minoritárias de Governo.
“Acordo de cavalheiros… Vejam lá onde é que isto vai”, disse o comunista. “Dizer que se vai falar com todos é esconder uma decisão já tomada. Quem quer uma política de esquerda não a pode negociar com todos e muito menos com a direita ou a extrema-direita.”
O líder da Iniciativa Liberal também não deixou as palavras do ministro passarem em branco, assegurando que não fará “acordos de cavalheiros” com o PS.
No seguimento, João Cotrim de Figueiredo defendeu que seria uma “chapada de luva branca” se os portugueses colocassem o partido como terceira força política. “O voto que nos confiarem não viabilizará uma solução socialista e a abertura do PSD é mais um exemplo do que temos vindo a dizer, que o PSD sem nós fica demasiado parecido com o PS.”
Francisco Rodrigues dos Santos desvalorizou as sondagens e negou que o partido esteja dividido, ao ser questionado sobre a ausência de figuras do partido ao seu lado.
“Eu acho que é para os apanhados, aquelas partidas de Carnaval antecipadas”, criticou, no final de uma visita ao Mercado de Alvalade, em Lisboa.
Também Rui Tavares encerrou a campanha em Lisboa, dizendo que “chega de uma direita a propor austeridade”, mas também de uma “esquerda que só reage em vez de propor modelos de futuro”. O seu partido, afiançou, pode fazer a diferença.
As eleições legislativas realizam-se já este domingo, dia 30 de janeiro.
ZAP // Lusa