O segredo magnético da supernova mais brilhante da história

Observada pela primeira vez na primavera de 1006 d.C, a SN 1006 foi agora capturada como nunca antes pelo IXPE da NASA. É o o evento estelar mais brilhante registado na história.

O Imaging X-ray Polarimetry Explorer (IXPE) da NASA capturou recentemente imagens inovadoras de raios-X polarizados do remanescente da supernova SN 1006, oferecendo valiosas perceções sobre a relação entre campos magnéticos e o fluxo de partículas de alta energia em estrelas em explosão.

NASA/CXC/SAO/J.SCHMIDT

Os elementos vermelho, verde e azul refletem raios-X de baixa, média e alta energia, respetivamente, conforme detetados pelo Chandra. Os dados do IXPE, que medem a polarização da luz de raios-X, são mostrados a roxo no canto superior esquerdo, com a adição de linhas a representar o movimento para o exterior do campo magnético do remanescente.

Localizada a aproximadamente 6500 anos-luz da Terra na constelação de Lupus, o SN 1006 é um remanescente de supernova único. Acredita-se que tenha resultado da fusão de duas anãs brancas ou da sifonagem de massa de uma estrela por uma anã branca.

Observada pela primeira vez na primavera de 1006 d.C., o evento foi visível a olho nu durante pelo menos três anos e permanece como o evento estelar mais brilhante registado da história.

O IXPE permite uma sondagem eficiente de campos magnéticos, explica, segundo o CienciaPlus, Ping Zhou, astrofísico da Universidade de Nanjing e autor principal das novas descobertas publicadas no The Astrophysical Journal.

As observações revelaram que, embora turbulentos, os campos magnéticos da SN 1006 também exibem uma direção organizada. Estudos anteriores da supernova já tinham fornecido a primeira evidência de que os seus remanescentes podem acelerar dramaticamente os eletrões e identificaram nebulosas em rápida expansão em torno de estrelas explodidas como locais de nascimento de raios cósmicos de alta energia.

Douglas Swartz, um investigador no Centro de Voo Espacial Marshall da NASA, enfatizou as capacidades integradas do IXPE em resolver espacialmente regiões de emissão, vitais para localizar locais de aceleração de raios cósmicos.

As mais recentes descobertas validaram e clarificaram ainda mais teorias que sugerem que a estrutura única do SN 1006 está intimamente ligada à orientação do seu campo magnético. Partículas de alta energia são aceleradas de forma mais eficiente à medida que as ondas de explosão de supernova se movem em direções alinhadas com esses campos magnéticos.

Segundo o Dr. Yi-Jung Yang, um astrofísico da Universidade de Hong Kong e coautor do artigo, as propriedades de polarização obtidas alinham-se notavelmente bem com resultados de outros observatórios de raios-X, sublinhando assim as robustas capacidades do IXPE.

Desde o seu lançamento em dezembro de 2021, o IXPE observou três remanescentes de supernova — Cassiopeia A, Tycho e agora o SN 1006 — ajudando a comunidade científica a desenvolver uma compreensão mais completa dos campos magnéticos que rodeiam tais fenómenos.

Os investigadores ficaram surpreendidos ao descobrir que o SN 1006 está mais polarizado do que os outros dois remanescentes, mas que os três exibem campos magnéticos orientados de tal forma que apontam para fora a partir do centro da explosão.

Estas descobertas estão a reorientar a compreensão dos cientistas sobre como as partículas são aceleradas em objetos extremos como remanescentes de supernova.

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