O Reino Unido está a bombear oxigénio para os rios para salvar os peixinhos

Uma técnica que se pode tornar o “novo normal” está a salvar os peixes dos rios britânicos. É necessário manter os rios frescos e reduzir a poluição.

Nos últimos cinco anos, os rios ingleses já foram alvo de quase 100 intervenções de oxigenação de emergência para prevenir a morte de peixes.

Fatores como a descarga de esgotos – que impulsiona o crescimento de bactérias e algas, consumindo oxigénio – e temperaturas elevadas – que também diminuem o teor de oxigénio da água – podem levar à desoxigenação dos rios.

A Agência Ambiental de Inglaterra (EA) implementou procedimentos de emergência para injetar oxigénio nos rios, com o objetivo de evitar a morte de peixes e plantas.

Dados a que a New Scientist teve acesso revelaram que a EA executou esta medida 25 vezes no último ano e 74 vezes entre 2018 e 2021.

Contudo, estas estatísticas excluem uma das 14 regiões operacionais da EA e não possuem dados para 2023 – o que indica que o número real de intervenções ao longo do período de cinco anos pode ser superior às 99 ocorrências documentadas.

Embora a EA não tenha estudado formalmente o aumento na utilização destas medidas de emergência, a tendência é de crescimento.

Graeme Storey, gestor de pescas da EA, lamentou, em declarações à New Scientist, que haja tantos peixes em sofrimento: “Os sinais a serem observados são peixes com falta de ar, parecendo letárgicos nas margens e peixes mortos a flutuar à superfície.”

Os métodos utilizados pela EA para introduzir oxigénio incluem o uso de peróxido de hidrogénio líquido – que se decompõe em água e oxigénio – e bombas – que visam aumentar o teor de oxigénio, agitando a superfície da água.

Storey alertou que as alterações climáticas vão intensificar este fenómeno: “Se as temperaturas globais continuarem a subir e permanecerem altas por períodos muito longos, as populações de peixes terão aqui um desafio contínuo”.

À New Scientist, Gary Caldwell, da Universidade de Newcastle, deu a entender que as mudanças climáticas contínuas poderão fazer com que tais intervenções artificiais se tornassem a nova norma.

“Espera-se que as mudanças climáticas tragam períodos cada vez mais prolongados de baixa pluviosidade, o que, agravado pelos esgotos e pelos escoamentos agrícolas, pode significar que a oxigenação artificial se torne o novo normal, tornando a vida selvagem do nosso rio um pouco menos selvagem”, explicou.

Por outro lado, Steve Ormerod, da Universidade de Cardiff, enfatizou a importância de adotar medidas protetoras a longo prazo contra estes impactos climáticos.

“O bombeamento de oxigénio é uma medida de emergência importante no resgate de peixes, mas manter os rios frescos, proteger os fluxos e reduzir a poluição são as medidas importantes a adotar a longo prazo, para proteger os rios”, considerou.

ZAP //

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