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Do sonho da Europa à luta pela manutenção. O que é que correu mal no Rio Ave?

José Coelho / EPA

A tristeza do jogador do Rio Ave, Nelson Monte, depois de falhar um penálti no jogo contra o AC Milan

Num espaço de poucos meses, o Rio Ave passou de lutar com o Milan por um lugar na Europa para disputar o playoff de promoção/despromoção.

O quinto lugar conseguido na época passada valeu ao Rio Ave um lugar nos playoffs de acesso à Liga Europa. Os vilacondenses lutaram valentemente, derrotando Borac (Bósnia) e Besiktas (Turquia), antes de cair numa maratona de grandes penalidades frente ao AC Milan (Itália).

Embora o objetivo não tenha sido atingido, o facto de quase ter derrubado um dos gigantes do futebol europeu deixava boas indicações para aquilo que podia ser esta temporada. Nada podia estar mais errado do que isto.

Mário Silva não conseguiu pôr a equipa a jogar o futebol que queria e acabou por ser despedido no final de 2020. Pedro Cunha, da equipa B, assumiu interinamente a formação principal, mas apenas venceu um jogo. Sucedeu-lhe Miguel Cardoso, um treinador talentos com provas dadas.

Desde que chegou a Vila do Conde, o antigo técnico do AEK de Atenas fez 19 jogos, conseguindo triunfar em apenas quatro deles. A má forma trouxe a equipa para os lugares de despromoção.

Apesar da vitória no último jogo do campeonato, diante do Nacional da Madeira, a equipa ficou condenada a disputar o playoff de promoção/despromoção.

O Rio Ave vai defrontar o terceiro classificado da Liga SABSEG, o segunda escalão do futebol português. A equipa a defrontar ficará decidida este sábado, tendo Vizela, Arouca ou Académica como possíveis candidatos.

O primeiro jogo do playoff disputa-se na quarta-feira, 26 de maio, às 21h45, em casa do terceiro colocado da segunda divisão. No domingo, 30 de maio, o Rio Ave recebe o adversário, às 19h00.

Mas, afinal de contas, o que é que falhou numa equipa com jogadores tão talentosos como os do Rio Ave?

Do céu ao inferno

Até à vitória no fecho do campeonato, o Rio Ave vinha de 11 partidas sem ganhar: cinco derrotas e seis empates.

O veterano Pawel Kieszek prometia estabilidade entre os postes, principalmente depois de ter estado em grande nível na época passada. Na defesa, aliava-se a experiência de jogadores como Aderllan Santos, à juventude e irreverência de Toni Borevkovic.

O meio-campo estava recheado com talentos como Fábio Coentrão, Francisco Geraldes, Guga Rodrigues, Pelé e Filipe Augusto. Por sua vez, no ataque, Carlos Mané e Gelson Dala mostraram-se os mais capazes, com seis golos marcados cada. Rafael Camacho, emprestado pelo Sporting, ou Ryotaro Meshino, cedido pelo Manchester City, também eram opções de qualidade.

O que acabou por condenar a equipa às constantes más exibições não foi a falta de qualidade individual, mas sim um problema a nível coletivo.

Faltou entrosamento e dinâmicas à equipa, em situação atacante, e falta de concentração e coesão, no momento defensivo, foram os principais problemas que sentenciaram o sucesso da equipa.

A saída de Matheus Reis para o Sporting acabou por desfalcar a equipa e contribuir para a sua má forma. O mesmo aconteceu com Lucas Piazón, que trocou o Rio Ave pelo Sporting de Braga. Diego Lopes, que trocou Vila do Conde pela Indonésia, também foi uma das ausências mais sentidas.

O Rio Ave também deixou de poder contar com Mehdi Taremi. O iraniano conseguiu 21 golos em 37 jogos disputados na época passada.

Daniel Costa, ZAP //

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