Investigadores do Centro Max Delbrück, na Alemanha, revelaram como diferem geneticamente os corações de primatas humanos e não humanos.
Uma equipa de cientistas do Centro Max Delbrück, na Alemanha, mostrou como os corações de primatas humanos e não humanos diferem geneticamente, num estudo que revela adaptações evolutivas do coração humano e novas informações sobre doenças cardíacas.
“Uma das descobertas mais surpreendentes foi a diferença da regulação génica entre o coração humano e o de outros primatas”, salientou o investigador Jorge Ruiz-Orera, adiantando que, em termos de anatomia, a maioria dos corações dos mamíferos é semelhante. “Mas temos muitas inovações evolutivas únicas em termos de regulação génica ou tradução de proteínas.”
Segundo o EurekAlert, a equipa encontrou centenas de genes e microproteónas presentes no coração humano que estão ausentes no coração de outros primatas. “Muitos desses genes e microproteínas também são expressos de forma anormal na insuficiência cardíaca, o que sugere que podem desempenhar papéis importantes na função cardíaca e ser úteis para eventuais tratamentos”, referiu Ruiz-Orera.
O facto de microproteínas específicas – que são codificadas no genoma por partes de ADN conhecidos como pequenos quadros de leitura abertos (ORFs) – serem expressas ou traduzidas exclusivamente em células cardíacas humanas em diferentes fases de desenvolvimento sugere que alguns desses elementos genéticos podem ter evoluído especificamente para atender às necessidades do coração humano.
“Os nossos corações têm necessidades energéticas diferentes em comparação com os de primatas mais pequenos, como macacos, que têm batimentos cardíacos muito mais rápidos”, explicou o investigador. “As diferenças parecem refletir na regulação de genes relacionados com a produção de energia no coração. Essas adaptações evolutivas também podem estar ligadas ao nosso bipedismo, estilo de vida e dieta.”
No total, a equipa identificou mais de 1.000 adaptações genómicas específicas da espécie, incluindo 551 genes e 504 regiões codificadoras de microproteínas que são encontradas apenas em corações humanos.
Entre estes, os cientistas encontraram 76 genes que eram comuns tanto em humanos quanto noutros primatas e mamíferos, mas apenas na espécie humana é que evoluíram para serem expressos no coração.
Alguns dos genes e microproteínas específicos dos humanos são desregulados em condições como cardiomiopatia dilatada, um detalhe que demonstra o potencial papel destas estruturas no desenvolvimento de doenças cardíacas.
O artigo científico foi recentemente publicado na Nature Cardiovascular Research.