O mistério dos escorpiões marinhos gigantes foi finalmente desvendado

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Dinghua Yang

Reconstituição de um Terropterus xiushanensis, espécie de artrópode do género eurypterid (escorpião do mar) que atingia 1 metro de comprimento

Os escorpiões marinhos gigantes são euripterídeos que viveram durante o período pré-histórico e que podiam atingir dois metros de altura. Até agora, alguns cientistas afirmavam que, apesar do seu tamanho, estes seres vivos não eram verdadeiros predadores.

Um novo estudo veio agora mostrar que os escorpiões marinhos gigantes tinham garras robustas e enormes que usavam para capturar grandes presas.

Os escorpiões marinhos gigantes, ou euripterídeos, eram seres rastejantes aquáticos que viveram entre 467 e 253 milhões de anos atrás, muito antes da existência dos dinossauros.

Alguns exemplos destes euripterídeos incluem o pterigotídeo e o acutiramus, que viveram no período Devoniano. Ambos os seres possuíam garras assustadoras, e o seu tamanho podia chegar facilmente aos 2,5 metros de comprimento. São os maiores aracnídeos que alguma vez existiram na Terra.

Apesar do seu tamanho colossal, a comunidade científica tem-se dividido quanto à capacidade predatória dos euripterídeos. Alguns cientistas acreditam que os escorpiões marinhos gigantes eram predadores ferozes, comparando-o ao Tiranossauros Rex da sua época.

Outros acreditam que o tamanho não é tudo e que as suas garras eram demasiado fracas para um verdadeiro predador. Afirmam ainda que o acutiramus só poderia agarrar presas fracas e de tecido mole, apelidando-o mesmo de “gatinho”, diz a SciNews, por ser o menos poderoso de todos os predadores.

Mas um novo estudo sugere que as garras do acutiramus eram muito mais robustas do que o que se pensava. A aparente falta de uma “articulação no cotovelo” não condiciona a sua capacidade predatória uma vez que a força está na base da garra.

Além disso, as garras eram usadas apenas para capturar as presas e não propriamente para as matar. Para tal, utilizavam aparelhos bucais localizados na base das pernas que serviam para matar e mastigar as presas.

A sua visão diminuta, que poderia ser um problema na hora de caçar, também não era um obstáculo já que as suas presas eram tão grandes quanto o seu tamanho. Além disso, alguns insetos não predadores, como as abelhas e borboletas, têm métricas oculares semelhantes às dos artrópodes considerados predadores.

Simon Powell.

Comparação do tamanho do escorpião marinho (eurypterid) ao longo do tempo

Algumas marcas de garras, vestígios de predação e fezes fósseis confirmam ainda que alguns euripterídeos se alimentavam de peixes, trilobites e até outros euripterídeos. Pensa-se também que a sua capacidade de predação notável possa ter influenciado a evolução de vertebrados.

No mesmo estudo, publicado em dezembro no Bulletin of Geosciences, mostrou-se também que os pterigotídeos eram nadadores mais lentos do que aquilo que se supunha.

Através de modelos computacionais e experiências com um euripterídeo robótico foi possível perceber que as suas pernas eram demasiado curtas em relação ao seu tamanho e, por isso não forneciam impulso suficiente para nadar. Para ultrapassar este obstáculo, os escorpiões marinhos gigantes utilizavam a cauda como leme, para apoiar na propulsão.

Através de modelos de computação, o comprimento do Jaekelopterus rhenaniae, o maior artrópode de sempre, poderá ser estimado em 2,6 metros de comprimento. Este valor é 10 centímetros superior a estimativas anteriores. Parece que os insetos ficaram um pouco maiores e o mundo pré-histórico mais assustador.

Patrícia Carvalho, ZAP //

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