O mistério das moedas de prata de Carlos Magno foi finalmente resolvido

Fitzwilliam Museum

Um novo estudo indica que as moedas de prata usadas na Idade Média na Inglaterra anglo-saxónica tinham uma grande influência bizantina.

Um estudo inédito publicado na revista Antiquity revelou novos dados sobre a origem da prata utilizada em Inglaterra entre 660 e 820 d.C.

A investigação lança luz sobre as mudanças dramáticas no abastecimento de prata que desempenharam um papel fundamental nas paisagens económicas e políticas do início da Europa medieval.

Historicamente, a origem da prata nas moedas anglo-saxónicas, que aumentaram de uso entre 660 e 750 d.C., tem sido um tema de intenso debate académico.

A nova análise centrou-se na composição química das moedas guardadas no Museu Fitzwilliam, revelando uma influência bizantina significativa nos primeiros lotes destas moedas.

De acordo com as suas conclusões, a prata utilizada durante o período anterior apresenta uma assinatura química e isotópica única, semelhante à da prata do Império Bizantino no Mediterrâneo Oriental.

Isto sugere uma fonte homogénea em várias casas da moeda em Inglaterra, Frísia e França, caracterizada por um elevado teor de ouro (0,6-2%) e intervalos isotópicos consistentes.

Esta descoberta desafia as anteriores suposições sobre a utilização de fontes locais ou menos distantes de prata, tais como prata derretida de igrejas ou minas desconhecidas, aponta o Sci News.

Os tesouros notáveis, como os encontrados em Sutton Hoo, indicam que as elites de Inglaterra e de França podem ter armazenado este valioso metal durante períodos significativos, convertendo-o em moedas apenas quando surgiam necessidades socioeconómicas, como a necessidade de liquidez ou manobras políticas.

O estudo também destacou uma grande mudança na origem da prata por volta de 750 d.C.. A análise de moedas posteriores revelou uma transição para a utilização predominante de prata de Melle, no oeste de França, que foi identificada pelo seu baixo teor de ouro.

Esta mudança coincide com a subida ao poder da dinastia carolíngia e com a intensificação da extração de prata em Melle, que se tornou cada vez mais influente nas economias de prata regionais e potencialmente inglesas.

Os investigadores relacionam esta mudança diretamente com as reformas administrativas de Carlos Magno e a sua gestão estratégica dos fornecimentos de prata, que incluiu a normalização da produção de moedas em todo o seu império.

As implicações destas descobertas são significativas, ilustrando como o comércio, a diplomacia e a dinâmica do poder estavam profundamente interligados no início do período medieval.

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