O meu azul é o teu azul?

O que algumas pessoas juram a pés juntos que é verde, outras tantas garantem que é azul. O teste de “perceção de cores” de um neurocientista fará com que nunca mais veja o azul ou o verde da mesma forma.

Um novo teste  mostra como todos somos muito diferentes na perceção das cores — especialmente no que diz respeito ao azul e ao verde.

Concebido pelo neurocientista Patrick Mineault, o “Is my blue your blue?” mostra em que ponto do espetro azul / verde percecionamos cada cor — e como isso se compara com a percentagem média das outras pessoas que fizeram o teste.

Pode parecer uma espécie de ilusão de ótica, mas na verdade não se trata de escolher entre vestidos pretos e dourados.

Fazer o teste é bastante simples: basta aceder ao ismy.blue, onde nos é pedido que selecionemos, em botões por baixo de uma imagem com um dado tom, se o tom que aparece no ecrã é azul ou verde.

No início, o contraste entre as duas cores é fácil de detetar. Mas à medida que o teste avança, torna-se um pouco mais difícil decidir se está a olhar para um azul esverdeado… ou para um verde azulado.

O teste demora apenas alguns segundos, após os quais nos é mostrado um gráfico de gradiente que compara a nossa perceção de cores com a das restantes pessoas que fizeram o teste.

ismy.blue

O teste revela também se vemos o azul-turquesa como uma cor azul ou verde, o que é um bocado parvo, porque é óbvio que o turquesa é azul… exceto para a significativa percentagem de pessoas que acha que é verde.

A ideia de criar o ismy.blue começou com uma discussão sobre um cobertor, explica Patrick Mineault ao The Guardian. “Eu sou neurocientista visual e a minha mulher, Marissé Masis-Solano, é oftalmologista, e temos uma discussão recorrente sobre um cobertor em nossa casa. Eu acho que é inequivocamente verde e ela acha que é inequivocamente azul”.

Mineault, que também é programador, estava a brincar com novas ferramentas de programação assistida por IA, e teve a ideia de criar um teste simples para avaliar a nossa perceção cromática.

‘Será que vemos as mesmas cores?’ é uma pergunta que filósofos e cientistas — toda a gente, na verdade — se colocam há milhares de anos. As nossas perceções sobre as cores são inefáveis e é interessante pensar que temos pontos de vista diferentes”, nota Mineault.

A dificuldade de distinguir o azul do verde já foi ainda mais marcante: a ausência do azul em registos históricos das civilizações antigas indicia que os humanos não conseguiam ver a cor azul, e alguns povos ainda não conseguem: os Himba, da Namíbia, que não têm sequer uma palavra para “azul”, não o distinguem do verde — cujos tons, surpreendentemente, distinguem com facilidade.

E então, para si, turquesa é azul ou verde?

ZAP //

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