O McDonald’s também “mete veneno” na guerra Israel-Gaza

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Wikimedia Commons

McDonald’s em Israel

A gigante de fast-food está, inesperadamente, no meio do conflito depois de uma promessa comprometedora de um franchise. Agora, os apelos a um boicote têm-se espalhado pelas redes sociais, principalmente no Egito.

O McDonald’s, uma das marcas mais icónicas dos EUA, tornou-se um foco inesperado na atual guerra entre Israel e Gaza.

Tudo começou quando a Alonyal Limited, que gere um franchise do McDonald’s em Israel, ofereceu refeições gratuitas a soldados israelitas e a hospitais no início deste mês.

A decisão terá sido tomada independentemente, avança o The Washington Post, e os outros restaurantes McDonald’s no Médio Oriente — alguns dos quais fizeram doações a Gaza em solidariedade com os palestinianos — rapidamente se afastaram da decisão por não quererem ser associados a nenhum dos lados do conflito.

O problema escalou dramaticamente após o ataque devastador ao hospital em Gaza, do qual resultaram atos de vandalismo em várias lojas do McDonald’s na Turquia, Líbano e Egito. A gigante do fast-food, que possui mais de 40 mil lojas em todo o mundo, tem sido frequentemente alvo no Médio Oriente como símbolo dos EUA.

A crise atual faz lembrar os boicotes árabes às marcas americanas no início dos anos 2000, durante a segunda Intifada palestiniana e após a invasão liderada pelos EUA no Iraque.

À medida que o conflito Israel-Gaza continua, os franchises do McDonald’s em vários países, incluindo Turquia, Egito, Jordânia e Líbano, emitiram comunicados a esclarecer que não estão envolvidas nas ações do seu homólogo israelita. A Al Maousherji Catering Company, que opera o McDonald’s no Kuwait, lembra: as ações da franquia israelita foram individuais e privadas.

“O que o licenciado em Israel fez foi um ato individual e privado, e não com a aprovação ou direção da empresa internacional ou de qualquer outro licenciado, especialmente no nosso mundo árabe,” lê-se num comunicado divulgado pela empresa do Kuwait.

No entanto, os apelos a um boicote contra o McDonald’s têm-se espalhado pelas redes sociais, principalmente no Egito.

Boicote ao McDonald’s?

Estrela do TikTok egípcio, Ahmad Nagy, obteve 1,3 milhões de visualizações num vídeo a defender um boicote, embora o popular apresentador de um talk show, Amr Adib, tenha defendido o franchise local, destacando a sua contribuição para a empregabilidade no Egito.

“Este famoso restaurante que fornece comida para [Israel] que comemos todos os dias e tem locais em todo o Egito, todos nós o conhecemos mas eu não posso nomeá-lo… este restaurante a partir de hoje não deveria existir, isto é o mínimo que podemos fazer,” disse Nagy.

O franchise egípcio do Mcdonald’s, Manfoods, anunciou mais tarde uma doação de 20 milhões de libras egípcias (aproximadamente 613 mil euros) para esforços de socorro em Gaza.

Entretanto, o McDonald’s em Israel também enfrenta os seus próprios desafios. Circularam rumores de que estava a apoiar os palestinianos, algo que forçou o franchise a ameaçar avançar com ações legais contra tais afirmações — declarou que tinha doado 100 mil refeições a forças de segurança e hospitais e que estava a oferecer descontos a pessoal de resgate e segurança.

Quando questionada sobre as atividades políticas dos seus franchises, a McDonald’s reforçou que a sua principal preocupação era a segurança do seu pessoal e equipas no terreno. À medida que a crise se desenrola, o McDonald’s caminha em corda bamba enquanto tenta manter a sua imagem.

Tomás Guimarães, ZAP //

1 Comment

  1. Eu, que nem sou grande fâ, vou passar a comer na McDonald’s.
    Será que os concessionários árabes pensaram em enviar refeições nos camiões que entram em Gaza ou só reagem pela negativa?

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