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O machado de Ötzi, a mais velha múmia da Europa, era importado

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South Tyrol Museum of Archaeology/EURAC/Samadelli/Staschitz

Ötzi, o Homem do Gelo que, com 5300 anos, é a múmia mais velha da Europa

Uma equipa de arqueólogos suíços descobriu, nos Alpes, um machado idêntico ao que tinha Ötzi, o Homem do Gelo – que, com 5300 anos, é a múmia mais velha da Europa. E o cobre de que é feito veio de muito, muito longe.

Segundo o Live Science, os cientistas que analisaram o machado, cuja descoberta é apresentada em artigo publicado na PLOS One, concluíram que o cobre de que é feito também é proveniente do Sul da Toscana, tal como no caso do artefacto de Ötzi.

Este Homem do Gelo com 5.300 anos foi encontrado, em 1991, completamente congelado e extraordinariamente bem preservado, nos Alpes austríacos. Trazia vestido um fato feito totalmente de pele de animal e um machado, com lâmina de cobre quase puro, e uma alça de madeira e as tiras de couro praticamente intactas.

Atingido na cabeça por uma seta, há 5300 anos, Ötzi é a mais velha múmia da Europa e já foi estudado até à exaustão por cientistas, desde o seu ADN, passando pela dieta e pelas tatuagens, até às suas ferramentas.

Estas pesquisas permitiram então concluir que o cobre de que é feito o seu machado é proveniente do Sul da Toscana, em Itália. Uma conclusão surpreendente, já que o cobre, na altura, só existia a milhares de quilómetros de distância dos Alpes.

Além disso, acreditava-se que os Alpes seriam uma espécie de “barreira” às transacções comerciais, dada a dificuldade da sua passagem, nomeadamente por causa do clima.

Mas a nova lâmina de machado agora descoberta na Suíça, na aldeia de Zug-Riedmatt, no sopé norte dos Alpes, vem mudar esta percepção, confirmando que o metal teria sido, afinal, transportado de Itália, passando pela “barreira” dos Alpes.

(dr) South Tyrol Museum of Archaeology

O cobre do machado de Ötzi atravessou os Alpes e veio do que é agora o centro da Itália – na altura, uma enorme distância

A nova lâmina, que terá entre 5300 e 5100 anos, vem fortalecer a ideia de que as pessoas que viviam nos Alpes, na Idade do Cobre, tinham “um profundo conhecimento da paisagem e das suas condições, devido à sua experiência com a caça, o pastoreio e a exploração dos recursos naturais nestas áreas”, destaca a arqueóloga Gishan Schaeren, do Gabinete dos Monumentos e Arqueologia do cantão suíço de Zug.

Mas acima de tudo, a descoberta pode ajudar a perceber as ligações comerciais que aparentemente, já durante a Idade do Cobre, ocorriam um pouco por toda a Europa.

1 Comment

  1. Fico parvo com afirmações do tipo “Alpes eram uma barreira”! Então não se podia dar a volta? Pode-se circundar os Alpes pelos dois lados e chegar ao outro lado! É como dizer que para ir do Porto a Vila Real era impossível quando nevava no Marão, leva-se o dobro do tempo mas chega-se lá!

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