Embora seja difícil imaginar uma catástrofe grande o suficiente para eliminar todo o universo, os físicos acreditam que esse cenário ocorrerá em algum momento – e pode acontecer mais cedo do que imaginamos.
Para tentar descobrir como o universo pode chegar ao fim, os físicos olham para o início: há cerca de 13,8 mil milhões de anos, o Big Bang deu origem ao espaço e ao tempo. O universo se expandiu rapidamente a partir desse ponto, com a matéria a arrefecer e a condensar em galáxias.
Como se sabe, o universo continua a expandir, graças ao que os cientistas chamam de “energia escura”. Embora o conhecimento sobre o seu funcionamento seja limitado, há algumas implicações para o destino final do universo.
Segundo os modelos evolutivos, o cenário mais provável é o chamado Big Freeze. Se a energia escura continuar a acelerar a expansão o universo para sempre, significa que este está a sofrer uma morte lenta, que se prolongará por anos. Esse número é seguido de 100 zeros, lê-se num artigo do New Atlas.
Caso se pudesse observar um pedaço do céu em avanço rápido ao longo de milhares de milhões de anos, seria possível ver as estrelas cada vez mais vermelhas, desvanecendo depois completamente. O universo em expansão esticaria o comprimento de onda da sua luz cada vez mais para o extremo vermelho do espetro, antes de as tornar completamente invisíveis.
Contudo, mesmo que ficassem “invisíveis”, as estrelas e galáxias distantes continuariam a existir – pelo menos durante alguns biliões de anos. Passado algum tempo, a expansão diluiria a poeira e o gás no espaço, diminuindo a sua concentração ao ponto de não ser possível criar novas estrelas. Estas seriam, então, extintas.
De acordo com o artigo, assim começa a “Era Degenerada” do universo, cerca de 100 biliões de anos contados a partir de agora. Por esta altura, só existiriam anãs brancas, estrelas de neutrões e buracos negros, mas também estes desapareceriam.
Quando todos os buracos negros também tivessem desaparecido, o universo entraria na sua era final – a Era Negra. A luz e a matéria passariam a ser memórias distantes e as restantes partículas soltas viveriam de forma solitária. E nada mais aconteceria, por toda a eternidade.
The Big Rip
Como referiu o New Atlas, o Big Rip é um cenário semelhante, mas que conduz a uma morte mais dramática, muito mais cedo. Neste modelo, a energia escura não só aceleria a expansão do universo a um ritmo constante, como também o faria de forma exponencial, acabando por rasgar o próprio tecido da realidade.
Há um limite físico para a distância que conseguimos ver no espaço, ditado pela velocidade da luz – a certa altura, os objetos estão demasiado longe para que a sua luz tenha tempo suficiente para alcançar a Terra – universo observável.
No modelo Big Rip, a expansão exponencialmente acelerada empurraria os objetos cada vez mais para além desse limite e o universo observável estaria a encolher constantemente. Quaisquer objetos que estivessem mais afastados do que esta fronteira permite já não poderiam influenciar um ao outro.
À medida que essa distância diminuísse, estruturas de grande escala do universo começariam a desmoronar. O mesmo poderia acontecer com as galáxias, que deixariam as estrelas à deriva. Em sequência, os planetas deixariam de estar ligados às suas órbitas em torno dessas estrelas.
Nos últimos minutos de existência, esse horizonte de eventos encolheria para uma escala menor, perturbando as forças que mantêm a matéria unida, triturando estrelas, planetas e tudo o que neles existe. Finalmente, esses átomos soltos seriam arrancados partícula por partícula. A última vítima seria o tecido do espaço-tempo.
Os cientistas que propõem este modelo prevêem que, se isso acontecesse, o universo teria cerca de 22 mil milhões de anos de vida. Outros cientistas acreditam que este cenário envolve parâmetros pouco realistas.
The Big Crush
Ainda de acordo com o artigo, pode ser que o universo termine de forma totalmente oposta: ao invés de expandir para sempre, mudaria de rumo e colapsaria sobre si mesmo, no chamado Big Crush.
Se a densidade da matéria no universo se tornasse suficientemente elevada, a sua gravidade poderia ultrapassar a expansão e desencadear uma fase de contração. Tudo começaria a se deslocar à medida que o universo voltasse a encolher.
Os aglomerados de galáxias começariam a se fundir, seguidos das próprias galáxias, com as estrelas a colidir com mais regularidade. À medida que os seus fotões fossem deslocados para a extremidade azul do espectro, essa radiação aqueceria até se tornar mais quente do que as estrelas. Estas já não poderiam irradiar o calor e continuariam a aquecer até evaporarem.
Nos últimos minutos, a temperatura do universo seria tão quente que os próprios átomos se desintegrariam. Eventualmente, todo o conteúdo do universo seria esmagado em conjunto, num espaço minúsculo – como um Big Bang invertido.
Os cientistas apontam para estimativas diferentes sobre a data em que poderia começar essa fase de contração. Segundo um estudo recente, poderia estar para breve, uma vez que o universo inverterá o curso cerca de 100 milhões de anos a partir de agora. Nesse modelo, a fase de contração levaria mil milhões de anos a acontecer.
The Big Bounce
Uma variação do Big Crush sugere que, momentos antes de o universo desmoronar, processos quânticos inverteriam novamente o curso, iniciando um novo período de expansão – outro Big Bang, que levaria à criação de um universo totalmente novo. Este modelo é conhecido como o Big Bounce.
Os defensores desta teoria dizem que existem explicações no mundo da física quântica – à medida que o universo encolhe, se torna tão pequeno que as regras quânticas substituem a física clássica.
Nesse ponto, surgiriam túneis quânticos nos quais as partículas ultrapassariam barreiras que, supostamente, não têm energia suficiente para ultrapassar. Isto impulsionaria processos como a decadência radioativa que permitiria a um universo em contração escapar ao colapso e começar a expandir novamente.
The Big Slurp
O cenário final desta lista é o mais inquietante: o Big Slurp. Segundo uma lei da física, um sistema tenta naturalmente se tornar estável. Para o fazer, passa de um estado de alta energia para um de menor energia, até estabilizar no estado energético mais baixo possível – conhecido como o estado de vácuo.
Pensa-se que todos os campos quânticos conhecidos estão nos seus estados de vácuo, exceto um: o campo de Higgs. Este parece estar num falso estado de vácuo, o que significa que, embora pareça estável, pode não estar no seu estado de energia mais baixo.
A qualquer segundo, o campo de Higgs poderia deslizar para um estado de menor energia, retirando um pedaço (se não todo) do universo no processo, o que reescreveria as leis da natureza. Há uma hipótese de que a vida poderia existir sob esta nova física. Na pior das hipóteses, toda a matéria seria destruída.
Quando o universo acabar também já não estaremos cá…….
“O cenário final desta lista é o mais inquietante: o Big Slurp.” – Já estou a ficar preocupado. Acho que já não vou dormi hoje… 🙁
Então toma um big slurp 🙂