O enigma da língua basca, conhecida como Euskara, continua a desorientar os linguistas.
Ao contrário das línguas indo-europeias circundantes em toda a Europa, a origem do Euskara permanece envolta em mistério, acentuando o orgulho de seus falantes nativos, que enfrentaram opressão durante séculos.
Situada entre o norte da Espanha e o sul da França, a região basca foi anexada pelos espanhóis no século XVI, desencadeando uma longa luta pela independência.
Durante a Guerra Civil Espanhola, o ditador Francisco Franco agravou o conflito, tendo proibido a língua basca, suspendido os direitos dos bascos e até bombardeado a cidade basca de Guernica, um evento imortalizado na famosa pintura homónima de Pablo Picasso.
Embora as esferas políticas e linguísticas do povo basco estejam intimamente entrelaçadas, o Euskara é marcantemente diferente dos idiomas dos seus vizinhos espanhóis e franceses.
Os múltiplos esforços para rastrear as raízes do Euskara têm sido infrutíferos. Segundo o Big Think, alguns estudiosos sugerem que a singular língua pode ser anterior à chegada dos romanos à Península Ibérica e ter sobrevivido à ocupação romana.
Outras teorias ligam o Euskara a línguas do Cáucaso ou aos berberes saarianos, um grupo étnico pré-árabe do norte da África.
Alguns historiadores e linguistas defendem a teoria de que os bascos descendem de uma população paleolítica não afetada pelas migrações pré-históricas que moldaram a Europa.
Esta teoria é no entanto desafiada por estudos genéticos, que sugerem que o isolamento cultural dos bascos aconteceu mais tarde, durante as ocupações romana e islâmica.
Alguns cientistas questionam por outro lado por que motivo o Euskara não está relacionado com as línguas indo-europeias, se os bascos estão geneticamente relacionados com os restantes povos europeus.
Ao longo da história, a singularidade do Euskara fez com que os governos centralistas de Espanha e França considerassem os bascos como uma ameaça — um sentimento que despertou discriminação, marginalização e perseguição.
O único jornal publicado exclusivamente em Euskara, o Egunkaria, foi encerrado em 2003 pelo governo espanhol, devido a supostas ligações com o grupo separatista ETA.
Embora os funcionários do jornal basco tenham sido absolvidos das acusações e o encerramento condenado, as alegações de tortura que então se fizeram ouvir permanecem por investigar.
Atualmente, apesar de séculos de perseguição, o Euskara e a cultura basca persistem. Antes proibido, o Euskara está agora omnipresente na televisão, na música e nos jornais bascos.
E paradoxalmente, as tentativas de Franco de extinguir o Euskara parecem ter fortalecido o seu estatuto como símbolo de resistência, contribuindo para a sua sobrevivência.