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O conflito na Ucrânia pode pôr fim a décadas de convivência de russos e americanos no Espaço? A NASA espera que não

Proximidade do responsável pelo principal órgão de exploração espacial russo a Vladimir Putin é visto como uma ameaça ao futuro das relações entre a Rússia e os Estados Unidos, tal como estas têm existido há décadas.

Apesar da invasão russa à Ucrânia ter determinado o cancelamento de novos lançamentos para o Espaço e o fim de múltiplos contratos tendo em vista mais missões de exploração, é o regresso do astronauta Kark Vende Hei, há cerca de um ano em órbita, que está envolto em dúvidas, já que o plano inicial passava por viajar numa cápsula russa no regresso à Terra. Da parte da NASA, o entendimento é que o mesmo permanece inalterado, apesar do conflito na Europa e na escalada de palavras do líder da Agência Espacial Russa.

De facto, muitos temem que Dmitry Rogozin esteja a colocar em risco décadas de convivência pacífica, sobretudo no que concerne à Agência Espacial Internacional.

Estima-se que Vande Hei, que esta terça-feira quebrou o recorde do cidadão norte-americano a permanecer mais dias no espaço (340 dias), regresse a Terra acompanhado de dois russos, a bordo da cápsula Soyuz, a qual deverá aterrar no Cazaquistão a 30 de março.

O anterior recordista é Scott Kelly, o famoso antigo astronauta da NASA que está entre os que se mostram críticos com a palavras de Rogozin, um velho aliado de Vladimir Putin. De acordo com declarações recentes, Kelly, que devolveu uma medalha que lhe havia sido entregue pela embaixada da Rússia em Washington no seguimento da invasão à Ucrânia, acredita, ainda assim, que os dois lados são capazes de manter relações cordiais no que respeita ao Espaço.

“Precisamos do exemplo de que dois países que historicamente não têm estado nos termos mais amigáveis, ainda podem trabalhar em algum lugar pacificamente. E que algures é a Estação Espacial Internacional. É por isso que precisamos de lutar para a manter”, disse Kelly.

A NASA quer manter a estação espacial a funcionar até 2030, tal como as agências espaciais europeias, japonesas e canadianas. No entanto, os russos não se comprometeram para além da data final original de cerca de 2024. Os EUA e a Rússia são os principais operadores da infraestrutura em órbita, ocupada de forma permanente durante os últimos 21 anos. O aparecimento da SpaceX constituiu um ponto de inversão, já que os EUA começaram a lançar os seus próprios astronautas em 2020.

Vande Hei, 55 anos, é um coronel reformado do exército. Chegou à Estação Espacial Internacional em Abril passado, lançando-se numa Soyuz do Cazaquistão com dois russos. Como a situação bélica a agravar-se em Terra, Vande Hei reconheceu que estava a evitar conversas sobre a Ucrânia com Dubrov e Anton Shkaplerov, o seu comandante russo. “Não temos falado muito sobre isso. Não tenho a certeza se realmente queremos lá ir”, disse Vande Hei numa entrevista.

“Seria um dia triste para as operações internacionais se não pudéssemos continuar a operar pacificamente no espaço”, disse a chefe dos voos espaciais humanos da NASA, Kathy Lueders, que reconheceu a dificuldade que os norte-americanos teriam em executar alguns dos voos sozinhos.

Um antigo astronauta da Nasa, Heidemarie Stefanyshyn-Piper, cujo pai nasceu na Ucrânia, reconheceu que era uma situação difícil. “Estamos a sancionar a Rússia. As empresas estão a desistir de fazer negócios na Rússia. Mas, no entanto, ainda o governo americano e nossa agência espacial ainda faz negócios com os russos“, apontou. “Não se pode carregar num botão e separar os dois” lados da estação espacial.

ZAP //

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