Nuno Melo sobre adiamento do congresso do CDS. “Está em causa a legalidade e a decência”

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José Sena Goulão / Lusa

Nuno Melo, cabeça de lista do CDS às Europeias 2019

 

Eurodeputado voltou a falar em “golpe institucional” para descrever o momento atual do partido e acusou Francisco Rodrigues dos Santos de motivar o adiamento do congresso por ter medo de perder a disputa interna.

Se a realização do Conselho Nacional do CDS já foi considerada, por muitos militantes do partido, como questionável — por entenderem que a sua convocação não seguiu as linhas estabelecidas pelos próprios estatutos, a principal decisão que dela resultou está a fazer escorrer muita tinta, e assim promete continuar. A 10 de outubro, o partido tinha agendado a realização do seu congresso para 27 e 28 de novembro. A reunião ficaria marcada pela disputa entre Francisco Rodrigues dos Santos e Nuno Melo pela liderança do partido, depois de o eurodeputado ter decidido avançar no rescaldo das eleições autárquicas de 26 de setembro.

No entanto, o cenário de crise política adensado pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e a perspetiva de eleições legislativas antecipadas nos primeiros meses do próximo ano levaram a direção de Francisco Rodrigues dos Santos — devido a apelos endereçados pelos líderes das comissões políticas distritais de Aveiro, Coimbra, Leiria, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu — a convocar um Conselho Nacional extraordinário para a noite de ontem, com o objetivo de adiar o congresso dos centristas, de forma a não fazer coincidir a disputa interna com o ambiente de pré-campanha eleitoral que já se deverá viver no país no final de novembro.

Acontece que Nuno Melo, e muitos dos seus apoiantes, consideraram a convocatória ilegítima e acusaram de imediato Francisco Rodrigues dos Santos de estar “com medo” de se submeter ao escrutínio dos militantes. “Quem queira evitar o voto dos militantes, num congresso que por vontade própria pediu, com medo afinal de o perder, depois da soberba de quem esmagaria outras alternativas, não terá qualquer legitimidade, nem respeito por si próprio, representando CDS em legislativas perante o país”, escreveu o eurodeputado na sua página de Facebook.

O Conselho de Jurisdição do partido deu-lhe razão, ao considerar “nula e sem qualquer efeito a convocatória do Conselho Nacional”.

Já madrugada dentro, foi a vez de Rodrigues dos Santos receber uma vitória: com 144 votos a favor e 101 contra (quatro abstenções), os conselheiros confirmaram que o CDS vai mesmo a legislativas sem antes ver a sua liderança interna clarificada. As ondas de choque não demoraram a fazer-se sentir. A meio desta manhã de sábado, Adolfo Mesquita Nunes, antigo secretário de Estado do Turismo e antigo dirigente do partido, anunciou que se desvinculava do CDS, justificando a decisão com um longo leque de críticas à atual direção.

Poucas horas depois, foi a vez de Nuno Melo, principal prejudicado pela decisão do Conselho Nacional também se manifestar. Recorrendo novamente à sua página de Facebook, usou palavras fortes como “legalidade” e decência” — sobretudo a falta destas — para descrever o atual momento do partido.

“Violando a decisão do Tribunal do partido, passando por cima da nulidade declarada, valendo-se de um órgão constituído por um imenso número de inerências que resultam de escolhas do próprio presidente do partido, a direção fugiu aos votos num Congresso já marcado, por saber que o perderia, apenas para se poder apresentar em eleições legislativas já fora de mandato. Quem foge aos votos dos militantes, violando a lei, não merece o respeito do partido, nem a confiança dos eleitores. Está em causa neste momento a legalidade e a decência num Partido que foi sempre o meu, fundador da democracia em Portugal”, escreveu.
O eurodeputado recorreu mesmo ao assunto das audiências que decorrem hoje no Palácio de Belém — Marcelo Rebelo de Sousa recebe esta tarde os partidos para os auscultar a propósito da data das eleições legislativas antecipadas —, para destacar a gravidade do momento político que o CDS, o qual, afirma, nunca se ter visto nos 47 anos de existência do partido. “Dentro de horas, o presidente do CDS será recebido pelo Senhor Presidente da República, garante do regular funcionamento das instituições democráticas. O CDS é parte fundamental do sistema democrático. Até lá, faço apelo a que o Senhor Presidente da República tenha noção do que aconteceu e releve suficientemente o golpe institucional que ontem, o CDS viveu”, apontou Nuno Melo.
O eurodeputado e candidato à liderança dos centristas acrescentou que ao final da tarde de hoje emitirá mais esclarecimentos a propósito do resultado que saiu do Conselho Nacional e do atual momento do partido.
https://zap.aeiou.pt/adolfo-mesquita-nunes-anuncia-saida-cds-441554

ARM //

2 Comments

  1. O problema dos tachos !!!!
    A convocatória foi ilegal pois ao que parece não cumpriu os prazos. OK
    Faz-se uma nova cumprindo os prazos, com os mesmos resultados.
    Problema : o lugar de deputado fica em causa, o que é uma chatice.
    Acho que o actual líder é muito novo, nada fez de útil na vida em prol dele próprio e da sociedade, mas é tempo de acabar com estes artolas que só aparecem quando lhes dá jeito; o puto pelo menos teve a coragem de agarrar no barco no meio da tormenta

  2. Tanta sede de poder e inveja que vos possui!
    Dignidade e decência, desculpe a franqueza, são atributos que os políticos não têm, ou não são políticos.
    TANTA GUERRA! DESTROEM UM PARTIDO DECENTE, para salvaguardar os vossos interesses mesquinhos, diria até, tenebrosos.Vocês metem medo!!!

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