A temperatura da coroa solar é surpreendentemente maior do que a da sua superfície, apesar de estar bastante mais longe da fonte de calor. Este facto constitui um mistério há mais de 80 anos, mas pode ter sido explicado.
A coroa solar atinge temperaturas arrasadoras de um milhão de graus Celsius, enquanto as temperaturas da superfície solar se mantêm nos 6 mil — apesar da coroa se situar bastante mais longe da fonte de calor do Sol.
Sendo assim, porque é que este envolto luminoso é tão quente? Há décadas que os cientistas se contorcem para tentar responder a este grande mistério. Agora, esse dia pode ter chegado.
Na superfície da grande estrela, foram descobertas pequenas ondas magnéticas a mover-se rapidamente. Estas ondas, segundo o Space, produzem grandes quantidades de energia e podem mesmo explicar, segundo novos cálculos, o estranho sobreaquecimento da coroa solar.
As provas de que ondas magnéticas estão na origem deste fenómeno, acumuladas há mais de 80 anos, são incontornáveis, mas nunca chegaram à raiz do enigma. No entanto, até agora, nunca tinham sido detetadas ondas tão rápidas e com tanta capacidade de produção energética como estas de 10 mil quilómetros de distância.
As novas imagens que revelam as rápidas ondas foram capturadas pela EUI, uma câmara de alta resolução instalada no Solar Orbiter (SOLO), satélite artificial desenvolvido pela Agência Espacial Europeia, que desde 2020 tem encontrado indicadores de processos que têm um papel no mistério da coroa.
Enquanto os telescópios terrestres têm, de facto, a capacidade de capturar imagens do Sol com melhor qualidade, o SOLO reserva a vantagem de capturar as imagens mais próximas do centro do nosso Sistema Solar, aproximando-se do Sol a menos de 77 milhões de quilómetros, ficando mais próximo do que a órbita de Mercúrio, o planeta mais próximo da estrela que nos dá luz.
“Uma vez que os resultados indicaram um papel fundamental para as oscilações rápidas no aquecimento da coroa, vamos dedicar muita da nossa atenção ao desafio de descobrir frequências magnéticas mais altas com o EUI”, disse o principal investigador do instrumento e físico solar do Observatório da Bélgica, David Berghmans.
A coroa solar torna-se mais visível durante um eclipse total do Sol, quando a Lua bloqueia a luz solar direta e revela a brilhante aura em torno do disco escurecido do Sol. Durante esse raro fenómeno, os cientistas podem estudar a coroa com maior eficácia. Compreender a coroa é fundamental para prever o comportamento do Sol e proteger tecnologias sensíveis à radiação solar.