d.r. shutterstock / BBC
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Novo tratamento do cancro da mama erradica os tumores sem prejudicar as células saudáveis. Uma descoberta tornou a terapia fotodinâmica mais segura e mais eficaz.
Segundo o SciTechDaily, os cientistas desenvolveram novas substâncias químicas sensíveis à luz que poderão melhorar significativamente o tratamento de cancros agressivos, minimizando o efeitos secundários.
Em testes laboratoriais realizados e ratos, a terapia eliminou completamente os tumores metastáticos do cancro da mama.
Estes compostos recentemente desenvolvidos, conhecidos como sais de cianina-carborano, são descritos num estudo recente publicado na Angewandte Chemie.
O tratamento baseia-se na terapia fotodinâmica (PDT), um método que tem sido utilizado há décadas para tratar cancros da pele e da bexiga.
A PDT consiste na introdução de substâncias químicas sensíveis à luz no organismo, que se acumulam nas células cancerígenas. Quando expostos à luz, estes compostos ativam e destroem as células doentes.
A luz faz com que as substâncias químicas geram moléculas de oxigénio altamente reativas — como pequenos foguetes bioquímicos — que destroem as células cancerosas a partir do interior, deixando as células saudáveis ilesas.
Trata-se de uma terapia útil com vários inconvenientes que limitam a sua eficácia, incluindo a sensibilidade prolongada à luz, a fraca penetração nos tecidos e a toxicidade fora do alvo. Estes inconvenientes podem impedir a erradicação completa do tumor e podem levar a uma recorrência do cancro.
A equipa de investigação multidisciplinar é composta por cientistas da Universidade da Califórnia, Riverside e da Universidade do Estado do Michigan, ou MSU.
“Os sais de cianina-carborano minimizam estes desafios, oferecendo uma forma mais segura e precisa de destruir completamente os tumores, poupando os tecidos saudáveis”, afirmou Sophia Lunt, professora e investigadora da MSU na área do cancro e co-investigadora principal do projeto.
Os investigadores referiram que os atuais produtos químicos para PDT aprovados pela FDA permanece no corpo durante longos períodos de tempo.
Após o tratamento, os doentes têm de permanecer no escuro durante dois a três meses, porque mesmo níveis baixos de luz provocam bolhas e queimaduras.
Por outro lado, os investigadores descobriram que os sais de cianina-carborano são eliminados do corpo mais rapidamente, permanecendo apenas nas células cancerígenas que necessitam de tratamento.
Vincent Lavallo, professor de química da UCR e co-investigador principal, é um perito na síntese de carboranos.
“O mais interessante é a capacidade de direcionamento desta substância que críamos para ir exatamente onde é necessário e ficar lá enquanto o resto passa. Desta forma, só se matam as células onde está o cancro, sem prejudicar o doente”.
Lavallo trabalhou em conjunto com Richard Lunt, professor de engenharia química da MSU, para desenvolver os sais de cianina-carborano.
Ao contrário dos agentes convencionais de PDT, os sais exploram uma vulnerabilidade natural das células cancerígenas.
São absorvidos por proteínas chamadas OATPs que estão sobre-expressas nos tumores, o que permite uma orientação precisa sem a necessidade de produtos químicos adicionais dispendiosos atualmente utilizados na PDT para ajudar a orientar as células cancerígenas.
A PDT tradicional é também limitada na sua capacidade de tratar tumores profundos porque funciona com comprimentos de onda de luz que apenas penetram alguns milímetros no corpo.
Uma vez no interior das células cancerosas, os sais de cianina-carborano podem ser ativados por luz infravermelha próxima, capaz de penetrar mais profundamente nos tecidos, o que poderá alargar o leque de cancros que podem ser tratados.
Dado o seu sucesso, os investigadores são encorajados a continuar a investigação e a tentar alargar os tipos de terapias contra o cancro com que os sais podem ser utilizados.
“O nosso trabalho oferece um tratamento orientado, seguro e económico para cancros da mama agressivos com opções de tratamento limitadas”, afirmou Amir Roshanzadeh, primeiro autor do artigo e estudante de pós-graduação em biologia celular e molecular da MSU. “Também abre a porta a avanços noutras abordagens à terapia do cancro e à administração de medicamentos específicos”.