Há um novo “jamais” na política – agora em português

Tiago Canhoto / LUSA

Rui Rocha (IL) fala com jornalistas

Rui Rocha quebrou a rotina e falou sobre o partido “profundamente irresponsável”: o Chega. Apoia medidas que “nem a esquerda moderada” defende.

Rui Rocha esteve nesta segunda-feira no porto de Sines, numa reunião fechada com os administradores do local.

Sublinhou que Portugal tem “algumas parcerias público-privadas que funcionam bem”.

Mas a conversa com os jornalistas, depois da reunião, teve outros focos: o que fazer depois de olhar para os resultados das eleições de 10 de Março.

O líder da Iniciativa Liberal (IL) acha que haveria “vantagens” em conhecer as intenções pós-eleitorais de todos os partidos.

A IL poderá apresentar uma moção de rejeição; ou acompanhar uma moção de outro partido: “Se os fundamentos parecerem razoáveis, cá estaremos para analisar”.

Rui Rocha não costuma falar sobre o Chega mas abriu uma excepção.

Assegurou que não haverá acordo pós-eleitoral com o partido liderado por André Ventura.

E explicou: “Como é que eu posso ter um entendimento com um partido profundamente estatista, com um conjunto de medidas que nem a esquerda moderada as defende?”.

Quais medidas? “Defende a greve dos polícias, pondo em causa a segurança dos portugueses; incentiva a ida dos militares para as ruas… É um partido completamente irresponsável“.

Até que uma jornalista lhe perguntou: “Não vamos ouvir algo diferente no dia 11 de Março?”.

“Da parte da Iniciativa Liberal? Jamais“, respondeu Rui Rocha.

O outro “jamais”

É uma nova versão do “jamais” na política portuguesa – desta vez em português.

A outra expressão semelhante, mas dita em francês, faz recuar-nos a 2007 e ao contexto do… novo aeroporto na zona de Lisboa.

Mário Lino era ministro das Obras Públicas (Governo do PS, José Sócrates) quando disse que o aeroporto nunca seria construído em Alcochete.

“Jamais, jamais”, afirmou em francês.

Porque a margem sul do rio Tejo era um “deserto” e essa seria uma solução “megalómana e faraónica”.

Mais tarde, Mário Lino disse que as suas palavas foram mal interpretadas e que nunca tinha dito “jamais” sobre essa hipótese.

Na resposta, Abel Baptista (CDS) atirou: “Nunca disse toujours [sempre] nem peut -être [talvez]; mas jamais [nunca] disse”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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